“Ajudem-me a enterrar os meus filhos”, é o grito de socorro de António Catallemale, pai de duas crianças que morreram de fome em Luanda. Pai pede ajuda para enterrar os filhos.
A tragédia serve para ilustrar que a fome não é um problema restrito ao sul de Angola devido à seca, mas é também um problema em zonas urbanas por causa do desemprego, pobreza e falta de assistência.
Nos últimos dias em Luanda, aumenta o número de crianças que trocam as brincadeiras pelas lixeiras, onde procuram o que comer.
Há também filas de pedintes por falta de comida.
Para algumas crianças, “o destino pode ser diferente, tal como aconteceu com os pequenos Biatriz António, de três anos, e Isack António, de dois anos, que não resistiram à fome e acabaram por morrer depois de estarem sem comer durante três dias”.
O pai chama-se António Catalemale, de 40 anos de idade, e a mãe Felicia Cassoma, um casal desempregado que perdeu a filha e vive uma situação desesperadora em Luanda.
“O que matou os meus filhos segundo o relatório é mesmo por falta de comida e terem ingerido folhas de mandiocas quando já estavam dias sem comer”, conta Catalemale, acrescentando que, desde sexta-feira, 4, as crianças não tinham o que comer, tendo improvisado no sábado folhas de mandioca.
Dos três filhos, dois acabaram por morrer já no hospital municipal do Zango.
“Não resistiram porque já estavam dias sem comer nada mas nada mesmo”, diz.
Sem poder pagar pelo funerais, António Catalemale apela à sociedade e às autoridades para o ajudarem a enterrar os seus dois filhos.
“Neste momento o que eu preciso é ajuda para enterrar os meus filhos e se puder um emprego para sustentar a minha família” pede, e conclui: “Eu não tenho qualquer profissão, era segurança e fui despedido no ano passado, neste momento ando aqui a reparar motorizada”.