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Angola: Os movimentos e a transformação da consciência social

Esta é, simplesmente, a juventude que o próprio Presidente da República despertou e apelou através dos seus discursos para que sejam fiscais e partícipes da vida pública.

A mais recente manifestação ocorrida em Luanda é resultado da conjugação de vários factores, tais como degradação das condições económicas e sociais, menos medo e mais consciência cívica e má gestão dos conflitos por parte das partes envolvidas revelou ao Vanguarda o coordenador do Observatório Político e Social de Angola (OPSA).

Sérgio Calundungo precisou que se trata de uma série de questões que se não forem tratadas com o cuidado que merecem pode desembocar em situações complicadas. “Temos de aprender a lidar de forma pacífica com os nossos consensos e descensos”, disse sublinhando que o Estado só é eficaz se os cidadãos forem activos.

Nota que num quadro em que a situação social e económica degrada-se, quem dirige tem de perceber que as tensões sociais tendem a aumentar, e assim deve, utilizando os mecanismos legalmente aceites, gerir tais tensões da melhor maneira possível, sem cair na tentação de reprimir os desejos reivindicativo de alguns cidadãos.

Já o docente universitário Miguel Filho é de opinião a reacção dos jovens merece um tratamento de aproximação que deve excluir a repressão policial porque, em vez de acalcar os seus sentimentos, convertê-los-á em mártires, incentivados pela ideologia da fome.

“Deve haver sensibilidade para ouvilos, porque a solidariedade às vítimas tende a promover-se, sempre que impera o autoritarismo, independentemente de qual seja o lado da razão”, afirma.

O antigo presidente do SIMPROF considera, que de facto, se continuarmos a usar os mesmos métodos de persuasão, estabelecendo diálogos estéreis com organizações apenas com créditos partidários, então talvez essa consciência revolucionária se expanda, porque as redes sociais não têm sentinelas.

Para Miguel Filho, esta é, simplesmente, a juventude que o próprio Presidente da República despertou e apelou através dos seus discursos para que sejam fiscais e partícipes da vida pública. “Tenho a plena certeza de que se João Lourenço convocasse a liderança heterogénea dos jovens ‘revús’ para uma auscultação, os resultados seriam bem mais positivos do que sentar com a JMPLA, cujas acções já dependem de orientações ‘rectilíneas’ do Bureau Político do Partido”, remata.

MPLA e UNITA trocam acusações

O Presidente da República, João Lourenço destacou nesta quarta-feira, durante a IV Sessão Ordinária do Comité Central que o envolvimento directo da UNITA e seus deputados à Assembleia Nacional devidamente identificados é reprovável e deve merecer o mais veemente repúdio da sociedade angolana, que não pode permitir que partidos políticos com assento parlamentar, incitem os jovens e a população para a desobediência civil.

De acordo com o chefe de Estado, A UNITA deve assumir todas as consequências dos seus actos de irresponsabilidade, que podem contribuir para o aumento acentuado de novos casos de contaminação por COVID-19.

“Este comportamento da UNITA pode comprometer e deitar por terra todo o esforço que a nação vem fazendo desde Março do corrente ano no combate a pandemia, todo investimento feito em hospitais de campanha, camas e ventiladores e materiais de biossegurança, laboratórios de biologia molecular, todo o sacrifício consentido todos os dias pelos profissionais de saúde que arriscam as suas próprias vidas para salvar outras vidas”, disse.

Por fim, João Lourenço notou que o comportamento pode levar o País a ter de entrar novamente numa situação de Estado de Emergência “que todos gostaríamos de evitar”, pelas consequências graves navida familiar, social e profissional das pessoas e na economia do País.

E o presidente da UNITA, Adalberto Costa Júnior na abertura da II Reunião Ordinária da Comissão Política defendeu-se das acusações afirmando “é que interessante atribuírem à UNITA a convicção de lutar pelo que se acredita. É interessante reconhecer a defesa de causas à UNITA”.

O presidente Galo Negro declarou que é preciso reconhecer que o angolano hoje está bem informado! Cresceu e quem Governa o País desconhece em absoluto as convicções e as razões da juventude, ou está convencido que pode manipular toda a gente! “Aos angolanos, alertamos: não se deixe manipular”!

Segundo Adalberto Costa Júnior, a juventude maturou, cresceu e todos os angolanos devem estar preparados para reconhecer-lhes capacidade de optar, de lutar, de perseguir causas em que acreditam, ou de protestarem, porque vivem cansados de tanta desorientação governativa, cansados da extrema miséria em que a maioria vive.

Estevão Martins

Vanguarda

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