Angola participa na próxima reunião de cúpula da União Europeia (UE) e União Africana (UA), que acontece nos dias 17 e 18 de Fevereiro do ano em curso, em Bruxelas, Reino da Bélgica, juntamente com os demais países membros da UA, numa altura em que, o Continente Berço da Humanidade debate-se com enormes problemas sociais motivados pela pobreza e miséria, que todos os anos grassam as suas populações.
Analistas e organizações internacionais e regionais, há muito que têm denunciado a existência de políticas “falhadas” dos Governos africanos, a quem acusam de práticas de corrupção endêmica, apesar de abundantes recursos minerais – riqueza que não tem sido distribuída para o bem-estar dos cidadãos.
No terreno há catástrofe do desenvolvimento humano em seus países específicos, entre os quais está a Angola, cuja maioria da população, segundo dados das Nações Unidas, vive abaixo da linha da pobreza.
Para esta cimeira da União Europeia/África, Angola vai se fazer representar com uma delegação a mais alto nível, encabeçada pelo vice-presidente da República, Bornito de Sousa, enquanto isso, analistas defendem que, enquanto os líderes africanos viajam para à cidade de Bruxelas, Bélgica, para a cúpula UE/África, é necessário que os formuladores de políticas se concentrem na enorme riqueza que foi “roubada” em países do continente negro.
É o caso de Angola, país cujas riquezas, que deviam servir para todos os cidadãos, foram sequestradas por um grupo restrito de pessoas afectos ao MPLA, partido no poder desde 1975.
As riquezas desviadas do erário durante os 46 anos de governação ininterrupta do actual Governo serviram para a construção de impérios em nome de pessoas singulares, deixando o país sem hospitais e escolas de qualidade, sem saneamento básico, falta de qualidade no ensino e outros males.
Entretanto, todos sabem que existe uma Angola por trás do cartão postal, sempre eleito pelas cadeias televisivas para ilustrá-la, Angola dos números feios e realidades amargas na qual vive a maioria dos seus cidadãos.
A riqueza que ostenta contrasta com os níveis de pobreza e miséria da sua população, tal como ilustra o vídeo apresentado pelo activista Luaty Beirão de um consórcio em que a Friendsof Angola faz parte.
No documentário, o consorcio questiona: “Como é possível num país extremamente rico, tenha a metade da juventude desempregada? Quem beneficia dessas riquezas e como elas beneficiam a colectividade? Quais são as consequências destas taxas de desemprego em Angola?”
São questões que têm levado constantemente a protestos de ruas de jovens um pouco por todo o país, com maior incidência na capital do país, por se sentirem discriminados e excluídos.
Sabe-se que, uma das promessas eleitorais do partido no poder desde 1975, era a criação de 500 mil empregos, essa cifra foi de facto atingida, mas a um número negativo.
A última estimativa sobre a taxa de desemprego revelou que, existe em Angola cerca de cinco milhões de pessoas com idade activa sem fonte de rendimento, isto equivale à metade da população da República de Portugal.
Muitos dos cidadãos que regressaram a Angola, após a conclusão da sua formação no exterior do país, viram os seus sonhos frustrados de conseguir um emprego de acordo com a área de formação. São centenas que voltaram recentemente, mas que continuam desempregados por falta de políticas de fomento ao emprego.
Estes reclamam que já bateram várias portas, mas nenhuma delas se abre, por isso, sentem-se traídos pelas políticas falhadas do Governo suportado pelo MPLA, pois na sua maioria foi estudar no estrangeiro a custa de bolsas fornecidas pelo Estado angolano.
A incapacidade crônica de manter na escola crianças que tenham escapado da mortalidade infantil criou adultos, que hoje, em idade activa, não adquiriram conhecimentos qualificações, sendo por regra, preteridos pelos expatriados incluindo para trabalho não qualificado, tal como desabafou um dos jovens: “Nós aqui descarregamos contentores e por dia somos pagos 1200 kwanzas, que não chegam para nada”.
A falta de vontade política para a resolução dos principais problemas básicos das populações do país continua a ser questionada, diante da “inércia” governativa. A população diariamente clama por água potável, energia da rede pública, medicamentos nos hospitais, enfim a condição social das famílias degradou-se nos últimos anos.