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Angola: Palavras de João Lourenço sobre “Isaías Samakuva” geram polémica

Antes da reunião do Conselho da República, João Lourenço conferiu posse a Isaías Samakuva e destacou as qualidades do dirigente que esteve à frente da UNITA durante 16 anos. As palavras do chefe de Estado geram polémica.

O Conselho da República de Angola esteve esta segunda-feira, (25.10.), reunido com temas como a Covid-19 no país, a preparação do processo eleitoral e a alteração à divisão política administrativa na agenda.

Em relação à situação da Covid-19 no país, os membros do Conselho da República esperam que a meta de vacinação da população na ordem dos 60% seja atingida nos próximos tempos, numa altura em que o país caminha para a terceira vaga.

“A estratégia mais eficaz de prevenção e combate da Covid-19, é a vacinação da população”, sublinhou Rosa Cruz e Silva, porta-voz da reunião.

A divisão política administrativa e a preparação das eleições gerais foram outros temas debatidos nesta reunião. Mas o que está a gerar debate em Angola são os seus momentos que a antecederam.

Declaração comprometedora

A meio da manhã desta segunda-feira, (25.10.), o Presidente angolano conferiu posse ao líder da UNITA, o maior partido da oposição, Isaías Samakuva, que, por força do acórdão do Tribunal Constitucional, substituiu Adalberto Costa Júnior no órgão consultivo.

“Essa responsabilidade leva-nos a trabalhar para a unidade nacional, leva-nos a estar mais próximos do senhor Presidente com o nosso saber, a nossa experiência para podermos ajudar naquilo que for necessário”, disse Samakuva.

Já João Lourenço deu-lhe as boas-vindas e frisou que “quis o destino que a pátria o chamasse pela segunda vez a desempenhar o mesmo cargo”.

“Conhecemos as suas qualidades, foi durante algum tempo já nosso colega no Conselho da República. Portanto, sabemos o que esperamos de si enquanto, mais uma vez, conselheiro do Presidente da República. Espero que desta vez venha para ficar.”

Interferência na decisão do TC?

Estas declarações do Presidente João Lourenço estão a gerar polémica em Angola. Há quem as interprete como uma clara manifestação da sua interferência na decisão do Tribunal Constitucional que afastou Adalberto Costa Júnior da liderança da UNITA.

Mas o politólogo angolano Agostinho Sicatu tem outra interpretação.

“Até porque quem decide sobre quem representa os partidos políticos não é o Presidente da República, mas é a própria Constituição. Não vejo aqui um outro entendimento que não seja uma força de palavras”, defende.

A possível não realização do XIII Congresso da UNITA até 4 de dezembro, como avança a imprensa local, e o pedido de esclarecimento de Isaías Samakuva ao Tribunal Constitucional são outros temas em debate, principalmente nas redes sociais.

 

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