O conhecido empresário Carlos Cardoso, sob investigação no caso da brigada de construção civil apreendida pela Procuradoria-geral da República, ao lado de membros do Governo Provincial de Benguela, foi constituído arguido num processo-crime relativo a furto doméstico, burla por defraudação e associação criminosa, soube-se de fonte judicial.
O sócio-gerente da empresa CCJ, ouvido já na condição de arguido, na última semana, na PGR, é suspeito de ter vendido uma residência a dois cidadãos, tendo posteriormente, conforme a mesma fonte, furtado o mobiliário de um dos compradores e vendido, juntamente com a mesma residência, a uma terceira entidade.
Carlos Cardoso, ainda a contas com a justiça no caso da brigada mecanizada de construção civil, apesar de ter recebido as onze máquinas que tinham sido apreendidas, é a figura central do processo 2271/SIC, por via do qual poderá ser obrigado a devolver os bens à vítima dos crimes de que vem acusado.
O imóvel em causa está situado no bairro da Graça, arredores da cidade de Benguela, no projecto habitacional da CCJ, onde, à data dos factos, em 2013, uma residência estava avaliada em 260 mil dólares norte-americanos.
O jurista José Faria, advogado da queixosa, confirma, sem entrevista gravada “por se tratar de um processo em segredo de justiça”, que a sua constituinte leva a cabo esta batalha judicial para recuperar a casa e o mobiliário.
Já o advogado da outra parte, Luís Graça, avançou que não podia prestar declarações devido a imperativos profissionais, mas o seu constituinte disse desconhecer a condição de arguido.
Citado por alguns órgãos de comunicação social, Cardoso assume, entretanto, que está a ser ouvido no quadro deste processo.
Em meios da PGR, foi possível apurar que o empresário, presidente da Associação dos Industriais de Camionagem, é um homem fragilizado por estar a ver cair o que se considera ser “espírito de arrogância e sentimento de impunidade”.
“Trata-se de um processo que deverá mesmo ir a julgamento, tem pernas para andar. Segundo o processo, a jovem colocou na compra da casa toda uma vida profissional, muito sacrifício para, no final de tudo, ver cair nesta suposta burla”, indica.
A fonte indica, a título de exemplo de espírito de grandeza, que Carlos Cardoso anda aos berros até mesmo com investigadores, a quem faz questão de dizer que deu muito por esta Angola, mormente na vertente militar.
“Existem várias queixas relativas a supostos incumprimentos de contratos no seu condomínio”, concluiu.
Do jurista e analista Chipilica Eduardo, docente, quisemos saber se a PGR leva em consideração o caso das máquinas, que continua em voga no espaço público.
“Não é relevante para o processo porque as culpas são separadas, cada um dos processos segue a sua tramitação normal. Agora, o que é certo é que isto gera desconfiança no mercado, ele é um homem de negócios, tem de ser íntegro”, aponta.
‘’Mas ele goza do princípio da presunção da inocência”, lembra o jurista, igualmente citado pela imprensa.
António Benedito