A polícia angolana deteve dois cidadãos alegadamente envolvidos no furto de mais de 50 travessas e carris de suporte da linha férrea dos Caminhos-de-Ferro de Luanda, no troço Zenza do Itombe/Dondo, província do Cuanza Norte, noticiou a imprensa local
Segundo o porta-voz da polícia do Cuanza Norte, Edgar Salvador, após denúncias de populares relativamente a esta prática, que nos últimos dias tem se registado no país, foi possível proceder-se à apreensão do material e deter os dois homens, que faziam o transporte do produto, que tinha como destino Luanda, capital de Angola.
“Desde que se percebeu que a comercialização desse material é rentável, há um envolvimento efetivo em termos de recolha e furto desse material”, disse Edgar Salvador, que falava à Televisão Pública de Angola.
O metal, segundo os detidos, foi adquirido ao preço de 57.000 kwanzas (71 euros), nas localidades de Nova Cassualala e noutras aldeias, situadas ao longo da linha férrea.
O delegado do Caminho-de-Ferro de Luanda no Cuanza Norte, Alfredo Ngunza, referiu que a retirada desses materiais causam o descarrilamento do comboio, um ato que considerou “reprovável” por causar insegurança na circulação dos comboios.
“Infelizmente, nos últimos meses, a nível da linha geral, como do ramal do Dondo, temos verificado bastantes apreensões”, disse Alfredo Ngunza, acrescentando que a nível interno, além da medida criminal, também há a medida disciplinar, pela suspeita o envolvimento nesta prática de alguns funcionários.
No mês passado, no mesmo troço Zenza do Itombe/Dondo, foram igualmente furtadas grandes quantidades de material da linha férrea.
Na última sexta-feira, o ministro dos Transporte de Angola, Ricardo de Abreu, disse que é preciso sensibilizar a população para os prejuízos que causam o furto de carris e meios circulantes dos caminhos-de-ferro, que está subjacente ao negócio ilegal de venda de aço que se verifica no país.
O governante angolano disse que não é por falta de fiscalização que se verificam os furtos de carris ou a vandalização de meios a nível ferroviário, um pouco por todo o país, mas sim por falta de consciência da população.
“Isso aí seria algo que gostaríamos de apelar também aos deputados, no sentido de incentivarmos a nossa população a não tomar estas medidas, porque elas só prejudicam ainda mais aqueles que mais precisam desses meios”, disse Ricardo de Abreu, que falava na Assembleia Nacional.
O titular da pasta dos Transportes em Angola frisou que os atos de vandalismo nas linhas ferroviárias prejudicam não só a economia, mas a própria segurança dos utilizadores dessas linhas férreas.
“O roubo destes carris, não são carris que estejam em operação, são geralmente carris que hoje estão armazenados para manutenção ou foram substituídos e obviamente que há aqui um grande negócio que está subjacente ao aço e que acaba por criar esta dinâmica, seja nos transportes, seja até no Ministério da Energia e outros ministérios ou setores que acabam por ser atacados de alguma forma”, realçou.
As autoridades policiais angolanas estão preocupadas com o aumento do crime da vandalização de meios públicos e têm anunciado regularmente a detenção, nas províncias de Luanda, Benguela e Cuanza Norte, de cidadãos nacionais suspeitos do furto de carris de comboio, apanhados em flagrante, bem como de cabines e cabos elétricos, postes de iluminação, condutas de água potável, travessas de caminho-de-ferro, com fins comerciais.