Angola: Polícia Nacional (PN) detém acusada de desfalque de “2,1 milhões de euros” do Banco de Poupança e Crédito (BPC)

As Autoridades policiais angolanas detiveram uma mulher, que esteve mais de dois anos foragida no Brasil, acusada do desfalque de mais de mil milhões de kwanzas (2,1 milhões de euros) do Banco de Poupança e Crédito (BPC).

De acordo com uma nota do Serviço de Investigação Criminal (SIC), a que a Lusa teve hoje acesso, a mulher, angolana, de 54 anos, foi detida na província de Malanje, e vai responder pelos crimes de burla por defraudação, em concurso com a falsificação de documentos, associação criminosa e fraude na obtenção de crédito ao BPC, a maior instituição financeira pública angolana.

O porta-voz do SIC, superintendente-chefe Manuel Halaiwa, disse à Lusa que estão identificadas 20 vítimas até à presente data, com créditos de 43,2 milhões de kwanzas (92.235 euros) cada uma e com juros de mora na ordem de 51,1 milhões de kwanzas (109 mil euros) cada uma, sem nenhuma prestação da dívida paga.

Manuel Halaiwa disse que o SIC vinha investigando o caso desde 2020, na sequência da denúncia de uma das vítimas.

“Uma cidadã lesada fez a denúncia, em 2020, quando descobriu que tinha, além de uma conta particular no BPC, uma conta empresa, com um crédito com juros de mora. Foi a partir daí que toda a investigação começou”, frisou.

Com um negócio na área de frios, a mulher, que desde 2014 se encontrava no Brasil com deslocações ao país para controlar os negócios que tinha em várias províncias, usava um funcionário para recolher os bilhetes de identidade de outras pessoas, comerciantes de peixe, com promessas da obtenção de crédito para o incremento das vendas.

“Através dos bilhetes de identidade criava alvarás forjados, de empresas fictícias, abria contas empresariais e através dessas contas pedia os créditos bancários”, explicou.

Nesse esquema, a acusada contava com a ajuda de duas outras altas funcionárias do BPC, igualmente constituídas arguidas no processo, tendo todos os créditos sido concedidos e movimentados por estas.

No decurso da investigação, foram apreendidos vários meios à vítima nas províncias de Luanda e Malanje, nomeadamente vivendas, um complexo de frio com 16 câmaras frigoríficas, um estaleiro, 13 viaturas de marcas e modelos diversos topo de gama.

Além de Luanda e Malanje, a acusada tem negócios nas províncias do Uíje, Lunda Norte, Zaire e Cabinda.

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