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Angola: Presidente João Lourenço rejeita “racismo no debate sobre dupla nacionalidade de políticos”

O Presidente da República de Angola afirmou hoje que a análise sobre a dupla nacionalidade de dirigentes de partidos políticos está a ser “deturpada” por “conveniência de uns poucos”, rejeitando campanhas de incitação ao racismo e xenofobia

Na sua intervenção de abertura da 2.ª sessão ordinária do Conselho de Ministros, a decorrer hoje em Luanda, João Lourenço afirmou que tem acompanhado “com muita atenção” os debates em torno da nacionalidade adquirida de dirigentes de partidos políticos que aspiram “algum dia a concorrer ao cargo da mais alta magistratura da nação”, sublinhando que a análise tem sido deturpada.

“A análise sobre o objetivo de debate vem sendo manipulada e deturpada por conveniência de uns poucos como se o assunto se tratasse de dupla nacionalidade para a generalidade dos cidadãos, condição que hoje não está vedada para nenhum angolano salva a exceção prevista na Constituição”, destacou.

Em causa, está o presidente do principal partido da oposição angolana, Adalberto da Costa Júnior, que abdicou da nacionalidade portuguesa para se candidatar à liderança da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) — para a qual foi eleito em novembro de 2019.

Adalberto da Costa Júnior denunciou estar a ser alvo de ataques racistas por parte do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) devido ao conteúdo de um comunicado do Bureau Político do partido no poder que atacava “líderes políticos sem escrúpulos, que afinal são cidadãos estrangeiros e por isso executam uma agenda contrária aos interesses de Angola”, na sequência dos incidentes ocorridos na vila mineira de Cafunfo.

O assunto tem suscitado controvérsia na sociedade angolana e mereceu o repúdio do antigo primeiro-ministro, também do MPLA, Marcolino Moco, que criticou o “bullying racista e xenófobo” contra o dirigente da UNITA.

João Lourenço, que é também presidente do MPLA, afirmou serem infundadas e irrealistas as críticas de alguns analistas da política nacional que apontam para o surgimento de “uma campanha de incitação ao racismo e a xenofobia num país como Angola, que pagou um preço muito alto com perda de vidas humanos e infraestruturas” na sua luta contra o racismo.

“Não é realista e credível falar-se de um plano de incitamento ao racismo e xenofobia”, sublinhou o chefe do executivo angolano, adiantando que a luta pela emancipação e independência nacional foi ao mesmo tempo contra a segregação racial e o racismo.

“Tolerar o racismo e xenofobia seria negar a nossa proposta histórica”, enfatizou, assegurando que o Estado está atento e “não vê sinais preocupantes, mas se surgirem serão combatidos e sanados rapidamente”.

Para João Lourenço, o barulho em volta deste “falso problema” procura sobretudo “fomentar a divisão entre os angolanos, entre as diferentes tribos e etnias que compõem o nosso rico e vasto mosaico cultural e que sempre viveram e continuarão a viver em perfeita harmonia”.

O Presidente angolano deu também nota da sua preocupação com o surgimento generalizado da profanação dos símbolos nacionais e figuras históricas, bem como destruição, roubo e vandalização de bens públicos, desde postos de transformação a escolas e outras infraestruturas “que custaram bastante aos cofres do Estado”.

Esta tem sido uma “atividade quase sempre desenvolvida por jovens com ganância pelo lucro fácil” que não se preocupam com os danos causados à comunidade de que eles próprios são parte, referiu, acrescentando que as autoridades vão redobrar esforços no combate a este tipo de crime.

João Lourenço concluiu, no entanto, que “os jovens não destroem, constroem”, tendo sido aqueles que construíram a independência, paz e reconciliação e estão hoje a reconstruir as infraestruturas do país e o futuro angolano.

“Jovem angolano, não se deixe levar por maus conselhos, más companhias, não queira tornar-se famoso pela negativa pela prática de atos que em nada dignificam a juventude angolana”, exortou.

 

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