O secretário do Presidente da República para o sector produtivo, Isaac dos Anjos, e o antigo PCA do BPC, Paixão Júnior, deverão ser chamados, nos próximos dias, à PGR para serem ouvidos no âmbito de investigações contra ambos em que são arroladas ainda outras figuras, incluindo Carlos Gil, ex-director da Cooperativa Cajueiros.
O porta-voz da PGR, Álvaro João, antecipou ao VALOR a existência de “fortes indícios” de que Dos Anjos e Paixão Júnior sejam os beneficiários dos activos apreendidos pela PGR, nos termos de uma investigação que apura responsabilidades no uso de fundos da Sonangol, em projectos privados.
Na última semana, a PGR deu conta, em nota, da apreensão de activos em Malanje, Benguela e Luanda pelo Serviço Nacional de Recuperação de Activos, salientando que, no âmbito de um processo que decorre trâmites contra o ex-PCA do BPC, apreendeu ainda contentores de material para montagem de uma fábrica de iogurtes em Benguela que estava entregue à empresa Smart Solution.
Isaac dos Anjos, por sua vez, é investigado por alegadamente ter construído com fundos públicos o Projecto Acácia Rubras. “Em todos os bens, há fortes indícios de que os beneficiários sejam estas pessoas”, assegura Álvaro João, que confirma a chamada, nos próximos dias, do ex-banqueiro e do actual governante, ao mesmo tempo que admite dificuldades no processo.
Os “processos de crimes económicos e financeiros são altamente complexos porque se encontram do outro lado pessoas com o poder económico, capazes de atrapalhar as investigações”, observa.
Paixão Júnior nega, entretanto, qualquer ligação ao projecto da fábrica de iogurtes, ainda que admita recordar-se, enquanto número um do banco público, de uma fábrica que seria aberta com o financiamento do BPC em Benguela.
“Desconheço o processo”, precisa o ex-banqueiro, dando conta que, desde que abandonou o banco, respondeu apenas ao Tribunal de Contas e não tem conhecimento de qualquer processo-crime contra si na PGR.
O actual secretário do presidente João Lourenço para os assuntos do sector produtivo, Isaac dos Anjos, também acusado pela PGR de construir com fundos públicos o Projecto Acácia Rubras, negou as acusações, assegurando que nunca foi beneficiário, mas promotor de “muita coisa em Angola”.