O Presidente angolano defendeu hoje a “reformulação” do Conselho de Segurança das Nações Unidas, “por não refletir” a realidade mundial de hoje e os interesses de África, da América Latina e de uma parte da Ásia.
“Quanto à necessidade de darmos mais voz a África no mundo, a forma de o fazer é insistir junto das instituições internacionais, nomeadamente junto das Nações Unidas para a necessidade da reformulação do Conselho de Segurança das Nações Unidas”, afirmou João Lourenço, quando questionado pelos jornalistas sobre este tema, após uma conferência de imprensa conjunta com o seu homólogo senegalês, Macky Sall, que hoje iniciou uma visita de Estado ao país.
O governante angolano realçou que os membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas “são, na sua maioria, senão todos, as grandes potências vencedoras da Segunda Guerra Mundial que terminou há 77 anos”.
“O que significa dizer que esse Conselho de Segurança, que toma as grandes decisões sobre a situação mundial, já não reflete a realidade dos dias de hoje”, porque “surgiram outros polos de poder” e “o mundo evoluiu em todos os domínios”, notou.
E acrescentou: “Nem todos nos sentimos bem representados nesta instituição internacional, particularmente a África, América Latina e uma parte da Ásia não se sentem bem representadas, os seus interesses não são defendidos quando é preciso”.
O Presidente angolano assegurou igualmente que “vai continuar a defender, e com maior acutilância, a necessidade da reformulação do Conselho de Segurança das Nações Unidas”.
O “conflito na Ucrânia vem nos dizer que esta situação é cada vez mais urgente que aconteça se queremos que os nossos deslocados e refugiados e todos os que são vítimas das calamidades naturais tenham o mesmo tratamento”, salientou.
O Presidente senegalês, Macky Sall, disse concordar com os argumentos de João Lourenço, considerando que as regras que definem os países, naquele órgão das Nações Unidas, foram estruturadas no cenário em que os países africanos “eram apenas colónias”.
“Mas, hoje África não é bem representada, nomeadamente no Conselho de Segurança da ONU, noutros organismos internacionais, e é sobre isso que estamos a lutar como justiça, no interesse de todas as partes”, apontou o também presidente da União Africana.