O presidente do conselho de administração da Bolsa de Dívida e Valores de Angola (Bodiva), António Furtado, afirmou hoje que o recorde de negociações em 2020 revela a apetência do mercado para mais oportunidades de investimento.
O recorde de um 1 bilião de kwanzas (mais de 1,3 mil milhões de euros) em volume de negociações num ano de mercado de dívida pública, assinalou, “é um claro sinal de apetência ao mercado para mais oportunidades de investimento, o que aumenta a pressão pela operacionalização do mercado de bolsas em ação”.
António Furtado afirmou que a segunda edição do Fórum Bodiva, que hoje se realizou em Luanda, proporciona ao mercado um momento de partilha de informação e debate sobre as conquistas alcançadas e os desafios a ultrapassar.
Na ocasião, o Secretário de Estado do Tesouro angolano, Otoniel dos Santos, assinalou o crescimento “notável” das negociações nos mercados da Bodiva, que tiveram um aumento de 35,8% face ao período homólogo.
A instituição passou de mais de 100 mil milhões de kwanzas (131 milhões de euros), em 2015, para acima de 1 bilhão de kwanzas em 2020, destacou.
Para o governante angolano, as atividades da bolsa angolana em 2020 traduziram-se num “crescimento total”, sobretudo “para uma empresa que está a fazer um caminho no sentido de se afirmar”.
“Também é notável o facto da própria Bodiva ter conseguido ao longo desse período ter como investidores com contas custodiadas acima de 15.000”, afirmou, destacando também o desempenho dos mais de 25 membros Bodiva, maioritariamente bancos.
Segundo Otoniel dos Santos, a Bodiva” não negoceia apenas dívida pública, mas também instrumentos de dívida corporativa”, destacando as unidades de participação de organismos de investimentos coletivos admitidos no mercado regulamento gerido pela Bodiva.
Ao desempenho positivo dos mercados regulamentos pela bolsa angolana, em 2020, acrescentou o secretário de Estado angolano, deve ser acrescida a “viabilidade de um efetivo mercado de ações”.
“Essa responsabilidade (da entrega do mercado de ações) cabe-nos a todos enquanto fazedores do mercado de capitais em Angola, porque esta via tem como objetivo permitir que o fluxo financeiro chegue até à economia real de forma transparente, de eficiente e com a confiança que é necessária”, defendeu.
O Programa de Privatizações (ProPriv), que compreende a privatização de mais de 190 empresas e/ou ativos do Estado angolano até 2022, foi assinalada pelo governante como um “mecanismo estratégico” do Estado visando a um “tecido económico forte que agrega os agentes, famílias e o Estado”.
Pelo menos 15 ativos do Estado, entre os quais a Sonangalp, a Mota-Engil, a TV Cabo e o Banco de Comércio Indústria (BCI) devem ser privatizados por via do mercado Bodiva, sendo que a privatização via leilão em bolsa do BCI está prevista para este ano.
Por esta razão, notou o também ex-presidente da comissão executiva da Bodiva, é necessário continuar “a preparar este ambiente para a negociação dos instrumentos”.
O responsável desafiou igualmente todos os atores da sociedade a criarem um mercado de capitais “que sirva o país”, realçando que, na estratégia do executivo angolano, “o mercado de capitais tem uma sílaba tónica”.
Porque, argumentou, “pode ajudar a fazer com que agentes económicos que precisam de financiamento possam obter os capitais necessários para desenvolver a sua atividade sem fazer peso naquilo que é a despesa pública”.
Além da apresentação do Relatório Anual dos Mercados Bodiva 2020, foi também realizado um debate sobre o “Mercado em Ação”, centrado na preparação das empresas nacionais para o lançamento do mercado.
Membros da Bodiva foram ainda agraciados no encontro com prémios de desempenho em 2020 e apresentada uma nova plataforma de negociação, custódia e liquidação.