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Angola: Seca leva Governo a “intervir no Sul de Angola mas apelos por mais ajuda continuam”

Com a VOA tem anunciado a estiagem ameaça, cada vez mais, a vida de pessoas no Sul de Angola, tendo sido reportados por activistas a morte de quatro pessoas devido à fome no interior da província do Namibe.

Na região dos Gambos, na Huíla, o pároco local, José Vintém, descreveu esta semana um cenário difícil que carece de intervenção.

“Nós, todos os anos, quase que andamos sempre a apelar, pedimos ajuda, mas este ano é um bocadinho mais complicado e difícil porque não há chuvas e as pessoas estão mesmo aflitas”, afirmou o padre em conversa com a VOA.

Num encontro realizado na quinta-feira, 25, em Luanda, pela Acção Para o Desenvolvimento Rural e Ambiente (ADRA), o chefe do Departamento de Extensão Rural e Assistência Técnica do Instituto de Desenvolvimento Agrário (IDA), Avelino Mossande, reconheceu que a situação no Sul “é muito mais severa, porque há algumas regiões onde não chove e a segurança alimentar implicitamente está afectada”.

“Calçadões cisternas” estão a ser construídos para reter água na Huíla e no Cunene

“Essas populações, de certeza, que estão em situação alarmante”, reconheceu Mossande, acrescentando que “o Ministério tomou providências no sentido de reforçar os insumos agrícolas, no intuito de possibilitar às famílias camponesas, essencialmente, a recuperação do que se tinha perdido na primeira época”.

Em algumas localidades, províncias ou municípios, prosseguiu Avelino Mossande, tem havido o aconselhamento das populações para procederem ao cultivo nas zonas baixas, “onde o mínimo do lençol freático permite plantar culturas que sejam de ciclo curto, ou seja, que em menos de três meses ou até três meses, no máximo, tenham o seu ciclo completo para atenuar os efeitos da seca”.

Ele não forneceu números da intervenção do Governo.

Entretanto, o director da ADRA na Huíla, Simione Chiulo, citou um dos projectos em curso para mitigar a situação de seca nos municípios dos Gambos e Humpata, na Huíla, e em municípios do Cunene, conhecido por “cisternas calçadão”.

O mesmo assenta-se na construção de infraestruturas que permitem reter até 55 mil litros de águas pluviais para tempos de estiagem severa.

O mesmo projecto foi estendido à província do Cunene, onde o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) está a ajudar na formação inicial dos pedreiros para a construção de seis cisternas previstas.

Cecilia Kitombe, daquela organização, voltou a lembrar que a situação difícil “vem de outros ciclos”.

Por seu lado, também presente no encontro, Bernardo de Castro, da Rede Terra, colocou ênfase na necessidade imperiosa de medidas que fixem a população para evitar “migrações para outros lugares” que, segundo ele, dão “origem a muitos conflitos devido às diferentes práticas sociais e religiosas existentes”.

 

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