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Angola: Seca no sul de Angola pode “causar desastre humanitário”

A situação das comunidades rurais no sul de Angola é grave e exige uma resposta urgente, alerta o padre Pio Wacussanga, que lamenta que o executivo tenha deixado a situação chegar a esta fase, apesar dos muitos alertas.
   

A situação não é nova. Quase de forma cíclica, a região sul de Angola é afetada pela seca ou por inundações. Caso a chuva não caia nos próximos tempos, a região pode viver um desastre humanitário. O alerta é do prelado católico Pio Wacussanga, que acompanha o drama das comunidades da Huíla, Cunene, Namibe e Cuando Cubango.

O missionário lamenta que o executivo tenha deixado as coisas chegarem a esta fase, porque há quase dez anos que a igreja e outros parceiros sociais vêm alertando as autoridades governamentais sobre a necessidade da criação de projetos sociais voltados para estas áreas e comunidades.

“Poderá sim, vir um grande desastre e há muito tempo, desde 2012, que estamos a alertar para isso. Temos muitas famílias a deixarem as suas zonas e a mudarem-se para lá onde podem buscar um apoio, por exemplo, pastores que estão a imigrar com manadas e rebanhos”, conta o padre Wacussanga à DW África.

Envolvimento das comunidades “imprescindível”

A situação das comunidades rurais dos Gambos, na Huíla, Namibe, Cunene e Cuando Cubango é grave e exige uma resposta multisetorial e urgente, adverte. O padre Pio Wacussanga, que também é membro de direção da Associação Construindo Comunidades, considera imprescindível o envolvimento de todas áreas do saber na busca de soluções para os efeitos da seca.

“Era preciso fazerem-se levantamentos mais sérios, fazerem-se interações muito profundas, contactarem-se pessoas e grupos, convidarem-se agências internacionais especializadas neste tipo de desastres humanitários para se prevenir e se verem alternativas neste tipo de contingência”, recomenda.

Simione Chiculo, representante da Ação Para o Desenvolvimento Rural e Ambiente (ADRA) para a Huíla e Cunene, também lembra que o fenómeno da seca não constitui uma novidade, quer para as comunidades quer para as autoridades governamentais, de quem, aliás, se esperava soluções definitivas.

“O que é preocupante para nós é o facto de que mesmo o fenómeno sendo conhecido, não existe por parte das estruturas governamentais e outros parceiros, mecanismos de resposta para criar resiliência nas famílias, no sentido do choque não ser tão forte como está acontecer agora”, lamenta.

A título de exemplo das consequências da seca no país, dados avançados pelas autoridades governamentais apontam que, só no município dos Gambos, na província da Huila, mais de 90 mil famílias estão afetadas pela estiagem e pela fome. O mesmo se aplica a perto de vinte mil pessoas na província do Namibe, nos municípios do Tombwa e Virei.

 

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