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Angola: Sindicatos divergem sobre “dados do emprego no país divulgados pelo INE”

As duas centrais sindicais angolanas divergiram hoje sobre as últimas estatísticas relativas ao desemprego em Angola, que apontam para uma descida de 3,7% no quarto trimestre de 2020.

A taxa de desemprego no quarto trimestre de 2020 em Angola caiu 3,7% face ao período homólogo de 2019, estimando-se em cerca de 30,6%, correspondendo a 4,7 milhões de desempregados no país, anunciaram as autoridades na terça-feira.

“Afirma-se que a taxa de desemprego baixou e o Instituto Nacional de Estatística (INE) angolano toma como fonte da geração dos novos empregos a agricultura, ora, é provável porque o Estado tem estado a desenvolver um conjunto de políticas públicas orientadas para a agricultura comercial ou familiar”, afirmou hoje o secretário-geral da União Nacional dos Trabalhadores Angolanos (UNTA) Manuel Viage.

Em declarações à Lusa, o líder sindical disse que “é provável que este cenário se encontre não nos meios urbanos, mas nos meios rurais, onde existem projetos de desenvolvimento da atividade agrícola que tenham absorvido uma maior força de trabalho”.

Segundo a diretora-geral do Instituto Nacional de Estatística (INE) angolano, Chaney John, que apresentou o Inquérito ao Emprego em Angola (IEA) referente ao quarto trimestre de 2020, a taxa de desemprego caiu 3,7% tanto para homens como mulheres, e há mais 824.813 pessoas a trabalhar, em relação ao trimestre homólogo de 2019.

Mais de metade dos empregos (56,1%) encontram-se no setor agrícola, produção animal, caça, floresta e pesca. O setor que menos emprega é o setor de atividades financeiras, imobiliária e de consultora com 0,6%.

Para Manuel Viage, apesar do quadro estatístico apresentado pelo INE, os dados da UNTA, sobretudo no segmento dos serviços, indústria e construção civil no setor urbano, não mudaram e não houve sequer melhoria na oferta de postos de trabalho.

“Não sentimos, enquanto sindicatos, que tenha havido uma melhoria ou maior oferta de postos de emprego que possam influenciar na taxa de emprego”, notou, antevendo igualmente “maiores dificuldades” para os trabalhadores no ano económico 2021.

Por sua vez, o secretário-geral da Central Geral de Sindicatos Independentes e Livres de Angola (CGSILA), Francisco Jacinto, diz-se “estupefacto e indignado” com os recentes dados divulgados pelo INE face à “situação extremamente complicada” do país.

“Temos no país mais de 80% das micro e pequenas empresas fechadas, temos outras tantas em grandes apuros para se manterem no mercado, temos até as grandes empresas que estão com grandes debilidades de funcionamento e vêm-nos dizer que o desemprego reduziu”, questionou.

O responsável da CGSILA considerou ainda que o investimento estrangeiro em Angola “está quase nulo, o país está com uma recessão económica há mais de quatro anos”, realçando que os dados do INE “são irreais” quando, frisou, o “setor produtivo “enfrenta sérios problemas”.

“Acho que são dados apenas para branquear uma situação que está extremamente péssima”, atirou, pedindo “maior seriedade e precisão” das autoridades na compilação e divulgação de dados estatísticos.

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