A empresária angolana e filha mais velha do ex-presidente José Eduardo dos Santos acusa o executivo angolano de realizar uma “conspiração” para apreender ilegalmente os seus bens.
Segundo a Jeune Afrique, a tensão entre Isabel dos Santos e as autoridades angolanas sobe de tom a cada dia. Em comunicado emitido a 29 de março por uma agência de relações públicas inglesa, a empresária, que está em apuros desde que o sucessor do seu pai, João Lourenço, chegou ao poder em 2017, denuncia uma “conspiração governamental” do actual executivo para “apreender ilegalmente” os seus bens.
Na disputa sobre a operadora de telecomunicações Unitel, da qual Isabel dos Santos e o estado angolano (via petrolífera Sonangol) são accionistas, a filha mais velha do ex-presidente diz ter produzido gravações de áudio e vídeo em um tribunal comercial de Londres demonstrando a existência de um “grupo formal de trabalho de nível governamental cujo propósito explícito é projectar e coordenar uma campanha de apreensões de activos” contra ela.
As evidências fornecidas – coletadas pela controversa empresa de inteligência privada Black Cub, criada por ex-agentes do Mossad israelense e que incluíam o produtor americano Harvey Weinstein e o empresário franco-israelense Beny Steinmetz entre os seus clientes – também atestam, segundo Isabel dos Santos, pressionar o executivo sobre o sistema de justiça angolano a obter um congelamento preventivo dos seus activos.
Liderada pela Agência Powerscourt, que vem defendendo os interesses de Isabel dos Santos desde o início de 2020 e que tem notavelmente Beny Steinmetz e Dan Gertler como clientes, esta ofensiva surge após duas comunicações iniciais, no início e no final de maio de 2020, denunciando o uso de documentos falsificados pelas autoridades angolanas para congelar os seus activos.
As tensões entre a empresária – envolvida em processos em Londres, Amsterdão, Lisboa, Ilhas Virgens Britânicas – e o executivo angolano aumentam, enquanto João Lourenço luta pela obtenção de resultados no âmbito da uta contra a corrupção, bem como a sua promessa de melhorar as condições de vida da população.