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Angola: Ter gado e passar fome, “um paradoxo cultural na Huíla”

Autoridades tradicionais e do governo exortam famílias a venderem animais que possuem para combater a fome

As autoridades tradicionais na província da Huíla aconselham as comunidades a se fazerem valer do potencial animal que têm para fazer frente ao cenário de fome que grassa muitas zonas do interior da província.

A criação de gado faz parte da cultura dos povos da região, mas paradoxalmente nem sempre estes fazem deste recurso uma verdadeira alternativa para enfrentar as adversidades como a seca que está na origem da fome e da miséria.

O soba do município de Quipungo, Manuel Muhaitili, refere que apesar de ser uma alternativa à venda de animais, lembra que não são todas as famílias que dispõe deste recurso.

“Estamos a aconselhar já que os animais estão a ressentir-se da fome, então é preferível que quem os tem procure maneiras de vender pelo menos para evitar que eles morram”, disse.

“Aqueles que têm bois são obrigados a vender para sobreviverem, mas são poucos os que têm bois”, acrescentou.

Quem também entende que as comunidades precisam capitalizar o potencial de animais que possuem é o governo que a braços com as dificuldades em acudir as comunidades afectadas pela fome, diz ter programas voltados para este tipo de mensagens.

“Não é bem assim que haja carência. O que temos estado a aprimorar são as formas de comercialização porque aquele que tem gado bovino, caprino e suíno ou então galináceos pode trocar com aquele que tem milho, massango, etc.”, disse.

“Temos estado também a aprimorar a questão da economia agrária a nível das famílias porque precisa-se vender o animal quando ele tem maior valor e não quando ele está debilitado”, acrescentou.

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