A Reuters avança a informação do desinvestimento da Total no Bloco 14 do offshore angolano, onde a Galp detém uma participação, referindo que a petrolífera multinacional francesa não comenta esta estratégia.
A Total deve avançar com a alienação de participações em campos petrolíferos angolanos, designadamente no Bloco 14, adiantou a agência Reuters, confirmando as informações que vinham circulando cada vez com maior expressão e que davam conta da intenção da multinacional francesa desinvestir em Angola em consórcios no upstream.
Recorde-se que a Galp detém 9% do consórcio que explora a produção do Bloco 14, onde a Chevron é o operador, com uma participação de 31% no respetivo consórcio, repartido ainda pelos 20% da Total, 20% da italiana ENI e 20% da estatal angolana Sonangol. A agência noticiosa internacional refere que este passo da Total é entendido no sector petrolífero “como um dos primeiros sinais de uma esperada onda de desinvestimentos por parte de grandes empresas energéticas no país da África Ocidental”.
As expectativas sobre o encaixe que a Total poderá obter são muito diversas, mas a Reuters refere que a companhia francesa “poderia arrecadar cerca de 300 milhões de dólares com a venda da sua participação de 20% no Bloco 14 do offshore angolano, que inclui os campos Tombua-Landana, Kuito e um conjunto de campos que constituem o projecto BBLT”. Refira-se que o Bloco 14 operado pela Chevron produziu cerca de 40.000 barris de petróleo equivalente por dia em 2019, explora uma área marítima de 4.091 quilómetros quadrados, em águas profundas que podem atingir os 2.000 metros de profundidade.
A Galp tem neste momento em Angola “cinco projetos sancionados e seis licenças de exploração com as mais prestigiadas empresas do sector petrolífero a nível mundial”, refere a empresa portuguesa presidida por Paula Amorim. “Os cinco projetos offshore já sancionados incluem os blocos 14 e 14K, atualmente em fase de produção com duas plataformas compliant piled tower (CPT) e os projetos ainda em fase de exploração e desenvolvimento no bloco 32”, adianta.
O bloco 14 tem atualmente três campos em produção, designadamente, Kuito, Benguela-Belize-Lobito-Tomboco (BBLT) e Tômbua-Lândana. “A licença de produção foi atribuída em 1995 e o bloco está em produção desde dezembro de 1999”, informa a Galp, explicando que “o bloco 14 é constituído por oito áreas de desenvolvimento que incluem o Kuito, Benguela-Belize-Lobito-Tomboco (BBLT), Tômbua-Lândana, Negage, Gabela, Malange, Lucapa e Menongue”, sendo que “as três primeiras áreas de desenvolvimento correspondem aos campos atualmente em produção”.
No entanto, “em 2016, por decisão do consórcio e com o objetivo de redução de custos, foram terminadas as atividades de perfuração”, informa a petrolífera portuguesa. “Desta forma, as sondas de perfuração acopladas às duas plataformas CPT do bloco foram desmobilizadas” e “atualmente os campos em produção no bloco 14 encontram-se já em fase de declínio natural da produção”, segundo informação da Galp. Isso ajudará a explicar o desinvestimento da Total.
De acordo com a Reuters, a Total não quis comentar a intenção de desinvestir em Angola. No entanto, a agência noticiosa refere que “a venda da participação da Total no Bloco 14 faz parte do esforço da empresa para se concentrar nos seus maiores e mais lucrativos campos de petróleo e gás em Angola, onde continua a ser a maior operadora”, citando uma das suas fontes. “Em dezembro passado, a Total e seus parceiros prorrogaram sua licença de produção no gigante Bloco 17 de Angola”, adianta a Reuters, referindo que “a Total e seus rivais, incluindo a BP, a Chevron e a Exxon Mobil pretendem vender dezenas de milhões de ativos de petróleo e gás em todo o mundo no próximos anos, para reduzir a dívida que aumantou após o colapso dos preços do petróleo devido à crise do coronavírus”.
A Total está igualmente nos consórcios angolanos com a Galp, nos blocos 14K-A-IMI e 32. No bloco 14K-A-IMI a Galp detém 4,5% Galp, juntamente com a Chevron Overseas Congo LTD (que é o operador, com 15,75%), a Cabinda Gulf Oil Company (15,5%), abSonangol (10,%), a SNPC (7,5%), a Total Angola (10%), a Total Congo (26,75%) e a Eni (10%). No bloco 32 a Galp detém 5%, onde a Total é o operador, com 30%, estando igualmente com a Sonangol Sinopec Int. (20%), Sonangol P&P (30%) e com a ExxonMobil (15%). Segundo informação da Galp, “no bloco 32 foram realizadas onze descobertas desde o início da concessão”, explicando que a dispersão geográfica deste bloco “obriga à determinação de um conceito técnico de desenvolvimento que permita agregar várias descobertas”, dado que este “bloco é constituído por dois grandes projetos em diferentes fases, Kaombo e CNE – Central North East”.
“O projeto Kaombo é um projeto de águas ultraprofundas com vista ao desenvolvimento de seis campos conectados via 300 km de pipelines, com duas unidades FPSO alocadas: Kaombo Norte e Kaombo Sul”, refere ainda a informação da Galp, explicando que “cada uma destas unidades tem uma capacidade nominal de processamento de 125 mil barris de petróleo por dia” e que a unidade flutuante FPSO que “desenvolve o Kaombo Norte iniciou produção em julho de 2018, enquanto que a unidade alocada ao Kaombo Sul entrou em produção em abril de 2019”.
Finalmente, “o projeto CNE é um projeto em fase de exploração onde já foram confirmadas quatro descobertas”, de acordo com informação da Galp, que detalha que “em 2016, a concessionária aceitou o pedido de extensão do período de exploração e avaliação da área do CNE no bloco 32 até 2017” e que entretanto “estão a ser desenvolvidos estudos com o objetivo de identificar e selecionar prospetos com vista à perfuração”.