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Angola: Trabalhadores da empresa pública de telecomunicações Angola Telecom em “greve” por melhoria salarial

Centenas de trabalhadores da Angola Telecom, empresa pública de telecomunicações e multimédia, estão em greve para reivindicar melhoria de condições sociais, reclamadas desde 2012, disse à Lusa fonte sindical.

Segundo José Teixeira, delegado e membro do sindicato, a paralisação dos serviços, desde há seis dias, verifica-se apenas na província de Luanda, capital do país, onde se concentra mais de metade dos trabalhadores – mais de 470 dos 886 funcionários.

O grevista realçou que, na sexta-feira passada, aconteceu uma reunião com a entidade empregadora, mas as partes não chegaram a acordo, “porque o empregador continua relutante”.

José Teixeira realçou que as reivindicações remontam ao ano de 2012, altura em que se registou uma greve e na sequência foi assinado “um pacto de estabilidade laboral”.

“Esse pacto dizia que a entidade empregadora devia continuar a melhorar as condições de vida dos trabalhadores, mas de 2012 até agora as condições foram-se deteriorando e agora cada vez mais”, referiu.

O dirigente sindical frisou que face à situação, em outubro, a direção sindical começou a negociar com o Conselho de Administração e em dezembro realizaram uma assembleia de trabalhadores e decretou-se a greve.

“Ainda assim, a entidade empregadora pediu uma moratória de cinco meses, os trabalhadores, imbuídos de boa-fé, deram um voto de confiança ao conselho de administração. Findo este prazo, a comissão sindical voltou de novo à carga e a administração diz sempre que não tem dinheiro, então, a greve que estava suspensa foi levantada na semana passada”, contou.

O caderno reivindicativo exige aumento salarial, assistência médica e medicamentosa, melhoria das condições de trabalho, subsídio de alimentação, regularização do INSS (segurança social) e reforma.

José Teixeira rejeita que o argumento de que a empresa está sem condições financeiras para atender às exigências dos trabalhadores, porque o setor das telecomunicações é rentável.

“Até no tempo do covid-19 são as empresas que mais fizeram dinheiro e um monstro desse como a Angola Telecom é que não tem dinheiro? Se as empresas atreladas a nós têm dinheiro, nós que damos de comer não temos dinheiro?”, questionou, afirmando que “é impossível”.

“Estou há 33 anos ao serviço dessa empresa e sei o que é que ela produz. Em 201, o Estado angolano injetou capital financeiro para reestruturar a Angola Telecom, onde é que foi esse dinheiro?”, interrogou.

José Teixeira sublinhou que os trabalhadores consideram estar na base dessas alegações de falta de dinheiro a “má gestão” da direção, o que conduziu à greve.

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