O Treinador Português Alexandre Santos lamentou hoje, em entrevista à Lusa, a falta de proteção às equipas de arbitragem no campeonato angolano de futebol, face às agressões físicas e verbais de que são alvos sem que os infratores sejam sancionados.
O treinador luso, que deu no domingo o segundo título consecutivo de campeão angolano ao Petro de Luanda, instou a Federação Angolana de Futebol (FAF) a pôr cobro às intimidações de que são vítimas os árbitros angolanos.
“O que eu mais vezes apontei foi à falta de proteção que as equipas de arbitragens têm no Girabola, há um constante pressionar da equipa de arbitragem em todas as circunstâncias, há uma cultura muitas vezes de que quem mais pressiona, quem mais intimida, quem mais reivindica é quem é mais beneficiado”, notou.
Alexandre Santos revelou que “as equipas de arbitragem chegam muitas vezes a ser agredidas verbalmente e já foram agredidas, fisicamente, mas ninguém foi castigado”.
“Houve várias vezes, após golos nossos, paragens de jogo durante 10 ou 15 minutos por impossibilidade de continuar o jogo porque as equipas não queriam continuar o jogo e protestavam, veementemente, e não deixavam recomeçar o jogo, e, no final de tudo, ninguém é castigado”, reforçou à Lusa.
Quanto à conquista do bicampeonato, o técnico português disse que o sentimento é de “trabalho feito e recompensado”, pelo esforço empreendido ao longo da época.
“Toda a dedicação que tivemos desde a equipa técnica, médica, a equipa de logística, o Bruno Vicente como coordenador do projeto, o João Cláudio, que é o nosso team manager, e depois toda a estrutura do Catetão e principalmente os jogadores. Fizemos uma grande pontuação novamente, voltámos a ser muito dominadores do futebol angolano e dignos representantes do futebol angolano no continente africano. Estamos muito contentes com este bicampeonato, e fomos, sem dúvida nenhuma, mais consistentes do que o principal rival, o 1.º de Agosto”, garantiu.
Santos manifestou a existência de várias pessoas, com destaque para comentadores, que não acreditaram que a sua formação fosse reconquistar o troféu de campeão angolano.
“Algumas pessoas estavam a pensar que não fôssemos conseguir e, naturalmente, por vezes, não nos deram o apoio que a equipa merecia. Muitas vezes, sentimos isso da parte de muitos comentadores e de muita gente que à volta do futebol gravita, mas, como família, fomos muito forte e arrancámos para uma ponta final muito forte e não demos qualquer hipótese aos nossos adversários”, referiu.
O treinador luso garantiu que vai continuar no comando dos bicampeões angolanos, e deu conta que o seu contrato vai ser renovado, apesar de admitir o interesse de vários clubes africanos em contratá-lo.
“Os clubes africanos têm estado atentos ao nosso trabalho. Ainda bem, porque significa que nós temos vindo a marcar o futebol africano nas últimas duas épocas e é por isso que os clubes africanos olham para o Petro de maneira diferente. Por isso, não estou de malas feitas, inclusive, o Petro ficou de apresentar a minha renovação, simplesmente achamos que havia coisas muito mais importantes a tratar do que isso, mas quer eu quer o Petro estamos de olhos postos na próxima época e conscientes de que vai ser ainda mais difícil”, declarou.
O Petro de Luanda, que assegurou o título a uma jornada do fim da prova, mantém-se assim como a equipa mais titulada do futebol angolano, com 17 campeonatos conquistados, dois dos quais sob comando de Alexandre Santos.