Os tribunais angolanos são totalmente dependentes do poder político/executivo segundo activista Jonas Nangassole Bongo. O também professor Bongo denuncia igualmente a manipulação a empresa publica em Angola.
Leia na íntegra a entrevista do professor Jonas Nangassole Bongo.
Em breve trecho a minha vida cívica começou em 2011 na era “Primavera Árabe” que desemboca com a queda de Osni Mubaraque e Benali. Nesta altura já estávamos também agastados com a governação de JES. Foi assim o malogrado mano Carbono Casimiro (Paz à sua alma), acompanhado de mais dois ou três manos vão a rádio despertar no programa “Ndjando” na altura dirigido pelo Jornalista/Humorista António Manuel Jojó ou simplesmente Jojó. Para convocar a primeira manifestação para destituir JES. Nessa altura não éramos ainda REVÚS mais sim “Jovens Universitários”. Foi ali que tudo começou para mim, eu em casa ouvi o apelo feito pelo mano Carbono e fui pra manifestação. De lá pra cá já não mais desisti peso embora ausentei-me no ano de 2013 pra continuar com meus estudos superiores. Porque depois me apercebo que o mano Luaty, incluindo também o Nfuca Muzemba e tantos outros já eram licenciados outros frequentando a faculdade eu disse pra mim mesmo “Também vou Estudar” e depois continuar a luta. Se bem que nunca fui preso e não sou falado pelos médias assim como outros manos muito mais conhecidos. Mas começamos juntos a luta, eu sou daqueles que andou no anonimato e que doravante já não mais estarei.
O Decreto: com a privatização de alguns órgãos de comunicação, será que ainda é válido o discurso de liberdade de imprensa?
Bongo: Obviamente que não é válido o discurso de liberdade de imprensa, na medida em que a postura hoje da TV Zimbo principalmente não é a mesma. Houve substancialmente mudança na linha editorial, por conta disto críticos como o Jornalista/Economista Carlos Rosado de Carvalho foi afastado pelo facto de insistir passar no ar a matéria sobre o Edeltrudes Costa. De igual modo, a Palanca TV, hoje por hoje com a extinção do programa Angola Urgente do Jornalista Guilherme da Paixão (Sem aviso prévio como lamentou o próprio Guilherme), não passa duma TV de humor e que compromove homossexuais. Só para citar estes.
O Decreto: Para si, a Juventude tem participação activa no desenvolvimento do País?
Bongo: Quanto a esta questão é mera utopia, a juventude aqui no País é toda como FARREIRA tal como afirmou o JLO no semana passada no denominado Diálogo Juvenil mais que não passou de RABUGENTISSE por parte do JLO. Sem indústrias, fábricas espaços ou aberturas na criação de projectos tecnológicos por parte da juventude não tem como haver participação no desenvolvimento do país.
O Decreto: Que avaliação faz aos tribunais do país?
Bongo: Os tribunais do país são frágeis. Totalmente dependentes do poder político (Poder Executivo). Maior parte dos processos do tão propalado combate à corrupção, são orientados pela cidade alta e com devida sentença. Na minha opinião até aquela estátua de olhos vendados deveriam remover a venda pois, as sentenças não têm sido imparciais. Se os juízes deste país um dia entenderem o poder que têm os políticos (Bandidos) não vão ter sono.
O Decreto: Passado 3 anos de Governação de JLO, o que mudou na vida dos Angolanos?
Bongo: Tudo mudou na vida dos angolanos. Ou seja, de mal a pior. Nunca o país teve tão mal nos 37 anos de JES do que em 3 anos de JLO. Não precisa fazer muito esforço é só olhar seriamente no rosto dos angolanos é visível tamanho desgaste e frustração.
O Decreto: O Desemprego continua em alta. Que medidas deve-se adaptar para colmatar com essa situação?
Bongo: As medidas são as mais simples possível, manter a estabilidade política para atrair investimento externo, políticas menos burocráticas na facilitação do micro crédito a juventude para pequenos negócios que possam gerar um, dois ou três empregos directos e preservar os postos de empregos já existentes ao invés da estupidez de fechar lojas bancos etc. Só porque o dono roubou do erário público, como se no MPLA tivesse alguém que não terá roubado o povo.
O Decreto: Muitas famílias hoje comem nos contentores das centralidades no país. O que está na base disso?
Bongo: Já referi anteriormente, esses 3 anos de JLO foram diabólicos é a administração mais sanguinária que este país já teve. Tudo mudou pra pior. JES roubava todo mundo sabe, mais procurava subvencionar a alimentação de modo a evitar o caos. Ao passo que JLO não tem traquejo nenhum em governação, tudo que o FMI dicidir ele aceita fim ao cabo quem paga a factura somos nós o povo. O povo não quer as vivendas com piscina no jardim de rosa, Alvalade ou Talatona onde eles moram. Nós só queremos paz no prato como cantou o MCK.
O Decreto: As administrações públicas e as escolas são construídas sem facilidade de acesso a pessoas portadoras de deficiência. O que está na base?
Bongo: Deve-se a insensibilidade por parte desses senhores. Outrossim, é a falta de auscultação da população local antes de erguer uma infraestrutura. Eles decidem e pronto pensam que estão a lidar com animais. Daí a necessidade de haver Autarquias locais já, já. Em Angola.
O Decreto: O que acha da igualdade do Gênero?
Bongo: É bom na medida em que, as mulheres começam a ter mais espaços nos lugares de decisão e não só porque elas também podem fazer, podem ser. Mas atenção; sem haver o espírito de competição com os homens de modos a evitar guerras de género.
O Decreto: Sabe-se que Angola é rica em recursos naturais, e por sinal é dos maiores exportadores de petróleo a nível mundial, mas maior parte da população é miserável, qual é a razão?
Bongo: É ganância e ambição desmedida por parte do MPLA. Eles comem tudo e não deixam nada. As vezes eu me pergunto, o quê que nós angolanos fizemos, qual é o pecado que cometemos para ter um governo tão diabólico como este? O quê que fizemos? A Namíbia um país vizinho da mesma região que a nossa (Austral), não tem petróleo mais aquele povo vive como gente, aqui é assim porquê? Mais têm a cara de pau de dizer que nasceram em Benguela e cresceram no Bié (Bandidos).
O Decreto: Já se pode falar de descentralização e desconcentração em Angola?
Bongo: Em Angola apenas fala-se de desconcentração e não descentralização. Pois sem implementação efectiva das Autarquias locais não chegaremos a descentralização nenhuma. É tudo falácia.
O Decreto: o PIIM é prioritário atendendo a situação do país?
Bongo: NÃO. Não é prioritário, deixariamos este desiderato as Autarquias. Neste momento o que as famílias angolanas querem é comida na mesa e emprego para a juventude e não gastar dinheiro à toa e sem anuência do parlamento que é muito grave.
O Decreto: Há uma grande onda de Protestos em Angola nos últimos tempos, qual é a sua apreciação sobre isso?
Bongo: O povo atingiu o nível de saturação, estamos cansados de politiquice. O país é nosso merecemos respeito dignidade e usufruir das benfeitorias do nosso próprio país, nós não podemos viver como estrangeiros na nossa própria terra. Por esta razão é que os protestos se intensificaram e só tende a aumentar porque o país não tem rumo.
O Decreto: O encontro dos líderes juvenis com o Presidente, correspondeu às expectativas? O que faltou numa fase como essa que os angolanos estão a passar?
Bongo: Já disse anteriormente aquele encontro que denomino por encontro de RABUGENTISSE por parte do JLO, não passou de manobra dilatória, faltas de respeito aos jovens. Os jovens esqueceram de atacar os problemas da fome que leva todos os dias pessoas nas lixeiras das centralidades, no aterro sanitário dos Mulenvos, a prostituição que cresce cada vez mais, tudo isso por causa da desgovernação do país cujo autor estava na frente deles. Pra mim não passou de palhaçada aquele encontro o JLO. Deixou-me triste e nervoso porque a coisa está feia é preciso enxergar isso.
Nome Completo: Jonas Nangassole Bongo;
Apelido: Bongo;
Local de nascimento: Luanda/Cazenga;
Profissão: Professor;
Estado civil: Solteiro;
Formação ou área de
formação: Estatísticas Sociais;
País dos sonhos: Brasil;
Lema de Vida: Odiar o Ódio;
Hobbies: Tocar guitarra;
Livros: Cruzei com a História (Gen. Samuel Chiwale), Discursos do Dr. Jonas Savimbe (Isaac Pena), O Príncipe (Maquiavel), Sagrada Esperança (Agostinho Neto), THE DYNASTIES OF CHINA (Bamber Gascoigne) e ENTREVISTAS DE NUREMBERGA (Leon Goldensohn). Só para citar estes.