Angola: UNITA acusa Presidência de usar empreitadas públicas para “comprar lealdades”

O maior partido da oposição angolana, UNITA, acusou nesta quarta-feira, 22, a Presidência da República de usar contratos de empreitadas públicas para “comprar lealdades” e criar uma nova elite. Principal partido da oposição denúncia a “estratégia de sobrevivência” do Governo usar o seu controlo dos meios de informação financiados pelo Estado para silenciar a UNITA.

Num comunicado lido pela secretária do Comité Permanente da Comissão Política, o partido disse ter ficado agradado com as notícias de que o Ministério das Finanças enviou uma carta à Presidência alertando para irregularidades na contratação pública pela Presidência.

“A UNITA espera que tais pronunciamentos não sejam um mero exercício de atrair simpatias externas, mas se traduzam num sério compromisso de combate à corrupção que durante décadas arruinou as instituições do Estado e a sociedade angolana no seu geral”, continuou Clarice Kaputo, quem disse que a liderança considerou que através da “prática da contratação pública por ajuste directo que tem sido reiterada na vigência da governação do Presidente João Lourenço, Angola está longe de encetar o verdadeiro combate à corrupção”.

“Desde que assumiu o poder, o Presidente da República tem, no ajuste directo, o método de concessão de empreitadas, fazendo deste um instrumento do Executivo para a compra de lealdades, a formação ou a reformulação duma nova elite”, lê-se ainda no comunicado.

Os dirigentes do Galo Negro acusaram também o Governo de como “estratégia de sobrevivência” usar o seu controlo dos meios de informação financiados pelo Estado para silenciar a UNITA.

Isto, acrescenta o comunicado, está ser conduzido “pelo próprio ministro de tutela, através de reuniões regulares com os presidentes dos respectivos Conselhos de Administração”.

“Trata-se de uma flagrante violação do estatuído nos artigos 40º e 44º da Constituição da República, na Lei de Imprensa e na Lei dos Partidos Políticos, quanto ao tratamento a ser dado aos actores políticos”, acusou a UNITA na nota lida por Clarice Kaputo.

Por outro lado, o principal partido da oposição mostra-se preocupado com as greves no sector da saúde, e apela à entidade patronal “para aprimorar os seus mecanismos de diálogo“.

A UNITA “deplorou, uma vez mais, a situação de fome que afecta as populações, em várias regiões do país, em consequência das más políticas públicas do Executivo angolano, que em 46 anos de governação não tem sido capaz de pôr em prática estratégias sustentáveis para inverter o quadro dramático em que se encontram as populações angolanas”.

 

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