A UNITA manifestou-se hoje preocupada com a condição dos seus 26 militantes detidos desde março passado no município de Sanza Pombo, na sequência de conflitos com militantes do MPLA, lamentando “interferências políticas no processo”.
“Eles (os militantes) continuam sob medida de coação de privação de liberdade, tivemos conhecimento que o processo transitou da PGR (Procuradoria-Geral da República) para o Tribunal de Comarca, mas o que nos preocupa é o arrastar do processo, afinal de contas já lá vão quatro meses”, disse hoje à Lusa o deputado da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) Maurílio Luyele.
O deputado, que chefia uma delegação parlamentar do maior partido na oposição que desde terça-feira trabalha na província angolana do Uíje, “não quer que os seus companheiros estejam privados de exercer os seus direitos civis e políticos”.
Os incidentes de Sanza Pombo, um dos 16 municípios da província do Uíje, norte de Angola, que envolveu militante da UNITA e do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA, no poder) tiveram lugar em março passado e na sequência os partidários dos “maninhos” foram detidos.
“Nós esperamos que possamos pressionar a justiça a acelerar, porque entendemos que retardar a justiça é o mesmo que denegar direitos e nosso objetivo então é acelerar esse processo”, frisou.
O primeiro vice-presidente do grupo parlamentar da UNITA disse também que o seu partido “tem todos os dados que indicam que há aqui interferências políticas no processo”.
“Temos muito indicadores neste sentido, porque do outro modo estes detidos já deveriam ser devolvidos à liberdade. De certo modo sim (são presos políticos), não há outra explicação”, considerou.
“Mesmo os procuradores que instruíram o processo depararam-se que muitos dos detidos nem sequer estavam no local do aludido crime, portanto só isso dá bem a dimensão de interferência política no caso”, rematou o político da UNITA.
A UNITA considerou em março passado, em conferência de imprensa, em Luanda, a existência de “terrorismo de Estado e prisões arbitrárias” dos seus militantes, na sequência dos conflitos.
O secretário-geral da UNITA, Álvaro Chikwamanga Daniel, disse, na ocasião, que os incidentes registados em Sanza Pombo tiveram origem no seio de militantes do MPLA que “tentaram inviabilizar” um ato de celebração dos 56 anos do seu partido.
Nas redes sociais circularam imagens que retratam os incidentes de Sanza Pombo, que terão resultado também em feridos e na vandalização da emissora municipal da Rádio Nacional de Angola (RNA).
Na altura, o secretário provincial da UNITA no Uíje, Félix Simão Lucas, apresentou fotografias que retrataram os confrontos, com alguns feridos e danos materiais, referindo que o MPLA se sobrepôs ao ato da UNITA, previamente comunicado às autoridades.
O MPLA atribuiu, em março passado, responsabilidades pelos confrontos à UNITA, afirmando que este foi sempre o seu comportamento.
“Uma imagem vale mais do que mil palavras. Esse sempre foi o comportamento dos senhores da UNITA. Vejam o histórico e vejam de quem é esse comportamento. Os vídeos são mais do que evidentes”, respondeu o porta-voz da MPLA, Rui Falcão, à Lusa, instado a comentar a versão da UNITA.