Diplomacia: Embaixador português em Angola sublinha “empenho” nas relações com Portugal

O Embaixador de Portugal em Luanda, Francisco Alegre Duarte, prestou hoje homenagem ao ex-Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, que morreu na sexta-feira em Barcelona, sublinhando o seu empenho nas relações de cooperação com Portugal.

Francisco Alegre Duarte esteve esta manhã no Memorial Dr. António Agostinho Neto, local onde decorre o velório público do ex-chefe de Estado, juntamente com outros membros do corpo diplomático para deixar a sua mensagem no livro de condolências.

“Nesta hora de luto nacional, expresso ao Governo de Angola, e a todo o Povo Angolano, as minhas sentidas condolências e votos de profundo pesar”, escreveu o diplomata, realçando o papel do Presidente José Eduardo dos Santos “na consolidação da independência e unidade nacional de Angola, num contexto geopolítico muito difícil” e a sua liderança na conquista da paz e na reconciliação entre todos os angolanos “após uma guerra devastadora”.

Francisco Alegre Duarte destacou igualmente o empenho do antigo presidente no estabelecimento e aprofundamento das relações de cooperação com Portugal, em termos bilaterais no quadro da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

“Juntos percorremos um longo caminho, até chegarmos ao ponto atual de excelência das relações entre dois países e povos amigos, unidos pela fraternidade, um desígnio para o qual muito tem contribuído a capacidade de liderança e visão do Presidente João Lourenço”, escreveu também.

O Memorial onde repousam os restos mortais do primeiro Presidente angolano, António Agostinho Neto, foi o local escolhido em Luanda para que os angolanos pudessem prestar tributo ao seu sucessor no cargo e que governou o país durante quase 40 anos.

O Governo angolano criou, em todas as províncias, espaços de velórios públicos para os cidadãos interessados, enquanto em Barcelona decorre uma disputa judicial com parte da família relativamente à entrega do corpo e cerimónias fúnebres.

De um lado, está Tchizé dos Santos e os irmãos mais velhos, que rejeitam celebrar as exéquias em Angola, onde não vão há vários anos, desde que o sucessor do pai, João Lourenço, assumiu o cargo em 2017, iniciando uma luta contra a corrupção que atingiu a filha mais velha, Isabel dos Santos, e o filho “Zenu”.

Do outro, está a viúva e mãe de três dos filhos de José Eduardo dos Santos, Ana Paula dos Santos, que estava afastada do marido há alguns anos, ressurgindo a seu lado nos últimos meses, e que foi a interlocutora do Governo angolano quando este se encontrava internado na clínica de Barcelona, onde acabou por falecer, na sexta-feira.

O Governo angolano declarou que pretende fazer um funeral de Estado em Luanda, mas a decisão conta com a veemente oposição da filha Tchizé dos Santos, afirmando que essa não era a vontade do pai, e que José Eduardo dos Santos não queria ser sepultado em Angola enquanto João Lourenço estiver no poder.

A decisão judicial sobre a entrega do corpo do ex-Presidente angolano deverá ser tomada esta semana pela justiça espanhola, depois do resultado da autópsia ter sido já comunicado à família.

 José Eduardo dos Santos morreu em 08 de julho, aos 79 anos, numa clínica em Barcelona, Espanha, após semanas de internamento e o Governo angolano decretou sete dias de luto nacional.

Eduardo dos Santos sucedeu a Agostinho Neto como Presidente de Angola, em 1979, e deixou o cargo em 2017, cumprindo uma das mais longas presidências no mundo, pontuada por acusações de corrupção e nepotismo.

Em 2017, renunciou a recandidatar-se e o atual Presidente, João Lourenço, sucedeu-lhe no cargo, tendo sido eleito também pelo Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), partido no Governo desde que o país se tornou independente de Portugal em 1975.

 

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