Angola: UNITA considera boicote das televisões estatais “exagerada e criminosa”

Penalização das televisões públicas angolanas contra a UNITA é uma violação das leis do país, acusa o líder da UNITA. Adalberto Costa Júnior fala em desespero do MPLA que não se preparou para a alternância.

Em Angola, os canais públicos de televisão, TPA e TV Zimbo, anunciaram que vão deixar de cobrir atividades promovidas pela União Nacional para a Independência Total de Angola, UNITA. A posição é justificada pelas agressões sofridas pelos seus jornalistas na manifestação do passado sábado (11.09.) convocada pelo maior partido da oposição por eleições transparentes e justas em 2022.

Em entrevista à DW África, Adalberto Costa Júnior, presidente da UNITA, diz que a posição dos órgãos estatais é exagerada e é crime.

DW África: A posição tomada pelas televisões estatais foi justificada pelas agressões sofridas pelos seus jornalistas na manifestação do último sábado convocada pela UNITA. Como reage a isso?

Adalberto Costa Júnior (ACJ): De facto, inclusive sem nos termos apercebido, um grupo de jovens, não sei se eram militantes, que dirigiu palavras menos corretas aos representantes das duas televisões. Tomei conhecimento desse ato e prontamente condenei as palavras dirigidas a imprensa pública, porque na verdade a culpa não é daqueles jornalistas que são mandados para fazer reportagens e voltam com as imagens que nunca passam por causa das ordens superiores que recebem. Acontece que a TPA e a TV Zimbo peferiram fazer do incidente que os jovens criaram, e que foi muito pontual, ao ponto de pensarem que podem violar as leis da República e que podem alterar a Lei de Imprensa, a obrigatoriedade do serviço público, a Constituição e decidem que a partir de agora a UNITA não vais mais ter cobertura.

É óbvio que é um crime o que estão a praticar e isto denota a desgovernação que vai por este país. Aquele incidente foi condenado, mas não é referente para tanto escândalo e exagero, preocupa na medida em que estamos em pré-campanha eleitoral, Angola está um espelho de tudo quanto não deve ser.

DW África: Na sequência desse incidente falou em censura e exclusão de que tem vindo a ser alvo por parte desses orgãos do Estado. Considera o posicionamento tenha sido em jeito de represália?

ACJ: Aquilo que estamos a acompanhar é simplesmente o desespero de um partido que está há 46 anos no poder e não se preparou para a alternância, está a limitar tudo o que é equilíbrio de democracia. Naturalmente está a instrumentalizar os órgãos públicos, a censura é permanente. Estes atos são tidos nos próprios ts, basta ir as redes sociais para ver as reações violentas da cidadania contra o MPLA, portanto, o MPLA tem de mudar, tem de crescer e mostrar maturidade. Angola de hoje está muito pior do que a de 4 ou 5 anos atrás.

DW África: Falou há pouco em época pré-eleitoral. Esta medida poderá prejudicar a oposição nas eleições?

ACJ: No meio de tanta coisa negativa estes atos podem ser o convite a análise a todo o processo e procedimento. Não acredito que a comunidade internacional que está a observar todas estas questões, acho que este ambiente lhes proporciona vantagens e estabilidade. E acredito mesmo que estes exageros possam ser uma oportunidade para a correção porque o ambiente para abordagem de uma campanha e respeito a pluralidade, isso nunca existiu. E pensam-se senhores arrogantes e exigem um desmentido, “queremos que a UNITA venha a público pedir desculpas a Zimbo e a TPA”. Isto é de um amadorismo, arrogância e desrespeito sem limites. Só traz uma coisa positiva no meio disto tudo, é que os comunicados da TPA e da Zimbo colocaram no papel aquilo que há muito já vem fazendo. E acabaram por, em voz e pena próprias, confessaram que desrespeitam a lei e agora vamos ver seu país tem justiça. Não acredito que a cúpula pensante do país deixe isto arrastar-se por muito tempo, mas não tenho dúvidas nenhumas que um ato errado de meia dúzia de jovens permita trazer isto a uma dimensão vergonhosa de manipulação que está a vir a tona expõe o seu Governo e Angola a cima de tudo.

 

 

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