A União Nacional para a Independência Total de Angola diz estar preocupada com a “insensibilidade” do Executivo angolano dadas as medidas “inadequadas” que está a tomar perante as dificuldades da população.
A posição foi manifestada no comunicado final da II Sessão Ordinária da Comissão Política do maior partido da oposição em Angola, que esteve reunido esta sexta-feira e sábado (31.10), em Luanda.
A UNITA realça o incremento da carga fiscal, diante do agravamento da pobreza das empresas e das famílias, com destaque para a perda do valor do salário dos trabalhadores.
O “núcleo duro” do segundo maior partido em Angola aproveitou também para condenar com veemência a repressão policial contra os angolanos que se manifestaram para exigir a implementação das autarquias e melhores condições de vida, bem como as prisões arbitrárias de jornalistas em pleno exercício das suas funções.
Novo apelo à libertação de manifestantes
“A Comissão Política solidariza-se com os jovens detidos injustamente e encoraja os angolanos e a juventude, em particular, a não desistir de lutar pelos seus direitos”, diz o comunicado lido pelo secretário-geral da UNITA, Álvaro Chikwamanga, em que o maior partido da oposição “apela à soltura incondicional de todos os detidos na manifestação do dia 24 de outubro de 2020”.
A Comissão Política dos “maninhos” presta homenagem aos “mártires da repressão policial, nomeadamente Marcelina Joaquim e Mamã África, dois jovens mortos a 24 de outubro do corrente ano, por se manifestarem, deixando desde já, uma mensagem de solidariedade e sentimentos de pesar as famílias enlutadas”. As alegadas mortes relatadas pela UNITA, continuam a ser negadas pelas autoridades angolanas.
O partido fundado por Jonas Savimbi defende o diálogo e concertação e reitera que os angolanos estão obrigados a conviver na paz e harmonia: “A Comissão Política encoraja o presidente da UNITA a encetar um diálogo abrangente com todas as forças vivas da Nação, para a concertação em busca de um Calendário Nacional de Consenso”.
A Comissão Política exige ainda dos órgãos como a Assembleia Nacional e o Governo a conclusão da aprovação do Pacote Legislativo Autárquico, a realização das eleições autarquias em 2021 e as reformas que o sistema eleitoral requer para se assegurarem processos eleitorais livres, justos e transparentes.
“Negligência” precipitou pandemia
A Comissão Política do partido do Galo Negro lembra, por outro lado, que desde o início da pandemia da Covid-19, cujos dados estão acima dos dez mil casos registados, “a UNITA alertou o Executivo da forte possibilidade de haver, já naquela altura, contaminação comunitária, tendo em conta a inexistência de testes e os altos preços que custam os poucos que o país dispunha, principalmente causada pela política monopolista adotada pelo Executivo”.
Segundo a força política liderada por Adalberto Costa Júnior, a “negligência” do Executivo de João Lourenço ao não tomar em tempo oportuno as medidas que se impunham sobre o controlo e testagem dos primeiros voos idos de Portugal, e a não liberalização dos testes precipitou a propagação da pandemia em Angola.
Quanto ao novo coronavírus, a Comissão Política da UNITA mostra-se solidária com as famílias das vítimas desta e de outras doenças, “endereçando as suas mais sentidas condolências. Saúda, por outro, os esforços dos profissionais da saúde e outros da linha da frente na luta contra esta pandemia”.
Texto do “DW África”