Angola vai receber em 2023 a “Assembleia-Geral da União Interparlamentar (UIP)” com mais de mil deputados de todo o mundo

Angola vai receber em 2023 a assembleia-geral da União Interparlamentar (UIP), reunião que movimenta mais de mil deputados de todo o mundo, anunciou hoje o presidente da mais antiga organização multilateral do mundo, fundada há 133 anos.

“A assembleia-geral da União Interparlamentar, que quando reúne tem cerca de 1.200 deputados dos 178 países que a constituem, nunca ocorreu num país africano de língua portuguesa. Para o ano vai ser em Angola. E, portanto, é mesmo para marcar esta diferença”, disse hoje, na Praia, o deputado português Duarte Pacheco, que há 16 meses lidera aquela organização.

A reunião em Angola, explicou, deverá acontecer entre outubro e novembro de 2023, concluindo o mandato de Duarte Pacheco como presidente da UIP, organização multilateral fundada ainda no século XIX.

Na Praia, ao longo dos últimos dois dias, o grupo de parlamentares da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) na UIP reuniram, pela primeira vez, num encontro que serviu para debater as “Mudanças Climáticas Face aos Desafios Do Desenvolvimento Sustentável”.

“Nem antes da independência de todos os países de língua portuguesa em África, nem nos 40 anos que já têm de independência, nunca tinha existido uma reunião dirigida especificamente para os países de língua portuguesa. Ora bem, isto porque não houve essa sensibilidade, mas que agora existe, à frente da União Interparlamentar”, afirmou o deputado português, eleito para aquele cargo em novembro de 2020.

“Uma das coisas boas deste mandato, ou desta posição, é que não existe hipótese de reeleição e não existindo hipótese de reeleição, porque eu como político sei muito bem como é que nós todos funcionamos. Se gostamos do que estamos a fazer e desejamos ser reeleitos, podemos ter a tendência de fazer determinados compromissos para ser mais fácil essa reeleição. Não é o caso. E como não há eleição eu posso fazer mesmo aquilo que entendo que deve ser mesmo feito. E por isso esta atenção tão grande aos países de língua portuguesa”, acrescentou.

Para Duarte Pacheco, o tema das alterações climáticas, que motivaram a aprovação nesta reunião de dois dias, da Declaração da Praia, tem sido a prioridade do mandato, desde logo a necessidade de “financiamento dessas mudanças para uma economia sustentável”.

“Que tem que ser suportado, nomeadamente, pelos países desenvolvidos. Não há outra forma de atuar. Se me perguntar, mas isso tem que ser de forma a que exista uma boa ‘governance’. Aí, claro. Não é fazer esse tipo de ajuda e depois acabar numa conta da Suíça de alguém, não. É para ser utilizado realmente para modificar as economias para economias limpas. E é aí que os países desenvolvidos tem uma responsabilidade que têm de pôr em prática, para bem de todos”, explicou, dando como exemplo as necessidades de Cabo Verde – anfitrião desta reunião – na transição para as energias renováveis e os efeitos que sobre dessas alterações, nomeadamente mais de quatro anos de seca severa.

“E nós temos que o fazer, porque se nós marcarmos a agenda, os países desenvolvidos acabam por vir atrás. O financiamento de todas estas operações, isto é a transição para uma economia limpa, tem custos. O custo de não atuar é que é muito maior, mas os custos que existem têm que ser suportados por aqueles que foram os grandes poluidores”, concluiu Duarte Pacheco.

 

 

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