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Angolanos na diáspora: “Estamos sedentos de mudança e da alternância política em Angola”

Arrancou, esta segunda-feira, o registo eleitoral para todos os angolanos na diáspora. Cidadãos ouvidos pela DW África pedem que 2022 seja o ano da alternância política em Angola.

O registo eleitoral arrancou, esta segunda-feira (17.01), em todos os países onde existem comunidades angolanas. O ato decorre até 31 de março. Em Portugal, onde vivem mais de 80 mil angolanos, o registo realiza-se nos consulados de Lisboa e Porto.

Esta manhã, Carlos Alberto Fonseca, embaixador de Angola, foi o primeiro cidadão a apresentar-se com o seu bilhete de identidade numa das quatro mesas de registo eleitoral montadas no Consulado na capital portuguesa.

Em declarações à imprensa, o diplomata apelou a que “todos os angolanos que se encontrem a residir em Portugal participem neste ato muito importante, que é participar no processo eleitoral”.

Lembrou ainda que “os que votam pela primeira vez têm que fazer o registo oficioso; e os que já participaram em eleições anteriores, irão atualizar o registo. Há uma base de dados, que vamos atualizar, para podermos exercer o nosso direito de voto onde nos encontramos a residir”, explicou.

“É a concretização de uma promessa”

Os angolanos registados nos cadernos eleitorais poderão assim participar, em agosto, na eleição dos órgãos que vão dirigir o país nos próximos cinco anos. Ou seja, nota o embaixador de Angola em Portugal, é a concretização de uma promessa feita pelo Presidente João Lourenço.

“Durante bastante tempo, nunca foi possível realizar este desejo, que sempre foi manifestado pelos nossos concidadãos que vivem no estrangeiro. Há dois anos houve essa promessa que agora está a ser cumprida. É importante, porque é a primeira vez que os angolanos da diáspora vão participar diretamente na eleição dos seus representantes”.

No entanto, e já a pensar nas eleições de agosto, Carlos Sousa, membro da Associação “Viver Angola”, alerta para algumas questões que devem ser consideradas, nomeadamente, a presença de pessoas “independentes, da comunidade ou das associações” nas mesas de voto.

Segundo o ativista, “isto seria muito benéfico, uma vez que os votos vão ser feitos aqui em determinados postos da Embaixada a nível nacional, iria dar mais credibilidade e confiança” ao processo eleitoral.

Sousa foi fundador e ex-presidente da Plataforma de Reflexão Angola, pioneira na reivindicação do direito de voto da diáspora, aquando da vinda a Portugal, em 2017, do Presidente João Lourenço, que então se reuniu com a comunidade angolana num hotel de Lisboa.

Alternância do poder

Por sua vez, Abiude N’ Gola, radicada há dois anos em Portugal, acredita que os votos da diáspora podem ajudar na alternância do poder em Angola. “Vou votar em Portugal e nós precisamos disso. Estamos sedentos da mudança, com toda a certeza, e isso, mais do que qualquer outra coisa, vai-nos ser benéfico”.

A cantora angolana não acredita que as últimas polémicas políticas em Angola possam perturbar os preparativos para as eleições gerais. À DW África, garante que as pessoas estão “focadas naquilo que realmente queremos, que é a mudança. É doloroso o que tem acontecido. Tem sido um martírio para todos nós vivenciar isto”.

Jonas Mulato, representante adjunto em Portugal da Juventude Unida Revolucionária de Angola (JURA), também é da opinião que o voto da diáspora tende a apoiar a alternância do poder em Angola.

“Pensamos que a alternância do poder será feita de forma pacífica, e nós queremos garantir isso. Há uma crise social grave em Angola e a população, em geral, está muito insatisfeita com a situação. Nós, UNITA, pedimos sempre o diálogo. É importante que o Estado dialogue mais com a sociedade. Mas pensamos que as eleições irão acontecer num clima de calma”, afirma.

Sobre o recenseamento, o representante do braço juvenil da UNITA, diz tratar-se de um ato importante. No entanto, segundo Jonas Mulato, falta ainda inclusão: “Para um ato destes acho importante que os partidos políticos sejam contactados para, então, poderem também fiscalizar e garantir a transparência do ato. Nós não nos sentimos ainda incluídos o suficiente, pelos menos cá nas missões consulares no sentido da fiscalização do registo eleitoral”.

“Queremos garantir a transparência [do processo] e que, no final de tudo, nós todos estejamos satisfeitos, independentemente do vencedor”, conclui.

 

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