O Banco Angolano de Investimentos (BAI) está preparado para amortecer os choques cambiais e enfrentar uma “tempestade perfeita” como o momento que se vive atualmente em Angola, disse o presidente executivo da instituição financeira.
Luís Lélis, que falava aos jornalistas à margem do XIII Forum Banca, organizado pelo semanário Expansão, sublinhou que a vida passa por “tempestades mais ou menos intensas” e que “não é por um momento menos bom” que se tem de mudar a estratégia.
“O país tem capacidades e competências, o que é preciso é encontrar soluções no médio e longo prazo para desafios como a depreciação da moeda angolana”, considerou, salientando que a chave é reduzir as importações.
“A moeda só é mais ou menos forte se aquilo que é consumido internamente for produzido internamente”, adiantou o gestor, acrescentando que a atual crise mostra que é preciso aumentar a velocidade da capacidade de produção do país.
Questionado se em algum momento se arrependeu da entrada em bolsa (em junho de 2022), manifestou-se “honrado” por o BAI ter sido a primeira instituição a fazê-lo e disse que o projeto de abertura do capital em bolsa não foi feito tendo em consideração estes picos, pois a estratégia é de “muito longo prazo”, acrescentando que o banco criou os ‘buffers’ (amortecedores) necessários para este tipo de oscilações e para resistir à volatilidade “que será reduzida quando se conseguir produzir mais internamente”.
Luís Lélis afirmou que o banco tem tido beneficios com a entrada em bolsa, realçando que o mercado de capitais “é uma peça fundamental para qualquer economia que se queira desenvolver”, já que a banca por si só não conseguiria captar recursos suficientes.
“O BAI fez este projeto, primeiro porque acredita a médio e longo prazo em Angola, segundo porque existem aprendizagens, ferramentas e investimentos que temos de fazer para saber como se faz” e ajudar no futuro outras empresas, referiu.
Luis Lelis participou hoje numa mesa redonda sobre o impacto das privatizações e da entrada em bolsa dos bancos comerciais, onde se falou da experiência dos bancos angolanos que no ano passado abriram o seu capital em bolsa (BAI e Caixa Angola), tendo ao lado outras duas instituições financeiras que ainda não seguiram este caminho (BIC e Millenium Atlântico).
Os banqueiros apontaram alguns pontos críticos associados à BODIVA (Bolsa de Dívida e Valores de Angola), nomeadamente o seu preçário elevado – tendo sido informados que foi entretanto já reduzido em 60% – e consideraram que a banca angolana tende para a consolidação, admitindo o desaparecimento de alguns bancos e fusões de outros.
Falaram ainda sobre a necessidade criar um ambiente mais propício aos investidores, apontando em particular os títulos de propriedade de terrenos e imóveis, a execução de garantias associadas aos créditos e eliminação de barreiras burocráticas, e a necessidade de criar mais confiança no país.