Banco Nacional de Angola (BNA) diz que regulador detetou “ações especulativas” na transação de moeda estrangeira

O Governador do Banco Nacional de Angola (BNA) disse que o regulador detetou “situações absurdas” que configuram “ações especulativas” nas negociações de moeda estrangeira.

Tiago Dias, que falava num encontro com jornalistas em Luanda, onde comentou a evolução do mercado cambial, assumiu que o regulador “teve de agir” perante situações que “eram absurdas”, ao ser questionado sobre se o BNA intervém ou tem contactos diretos com bancos para retirar determinadas ofertas da plataforma de negociação.

“O que nós notámos, nos períodos logo a seguir à forte redução da oferta de moeda estrangeira eram ações especulativas e obviamente que nós, enquanto regulador, supervisionamos as operações todas. Houve situações que entendemos que eram absurdas e tivemos de agir”, afirmou, observando que o mercado tem regras, estabelecidas pelo supervisor, e que os operadores devem seguir o código de conduta do mercado.

“Mas há já praticamente cinco meses que não registamos este tipo de situações”, sublinhou o governador, indicando que a taxa de câmbio do kwanza está estável, mas não é fixa.

Tiago Dias afirmou ainda que os bancos continuam a comprar divisas, embora em volume inferior ao do passado, já que passaram de uma média de 1,2 mil milhões de dólares (1,11 mil milhões de euros) para os atuais 600 milhões de dólares (556,2 milhões de euros).

“Os bancos podem dizer aos seus clientes que compram menos, mas não podem dizer que não têm estado a comprar divisas”, disse o responsável do banco central, comentando as queixas recorrentes sobre o acesso à moeda estrangeira e dificuldades de transferências para o exterior.

“Surpreendemo-nos, às vezes, quando os bancos comerciais compram divisas, quer na plataforma [Bloomberg, onde a moeda estrangeira é transacionada], quer junto dos seus clientes, e depois dizem que já não compram divisas. Mas vamos olhar para as estatísticas e constatamos que compraram volumes substanciais e ainda assim dizem aos seus clientes que não podem satisfazer as suas necessidades”, comentou.

Tiago Dias salientou que o BNA não vende divisas e que as divisas transacionadas no mercado não têm origem no banco central, a não ser em situações excecionais.

“A nossa perspetiva depois dos encontros com operadores do setor petrolífero e diamantífero, é que a oferta de moeda se mantenha nos 600 milhões de dólares por mês”, indicou, reconhecendo que se houvesse condições para o mercado oferecer “seria bom” porque iria aliviar a subida dos preços.

Sobre o diferencial do câmbio praticado no mercado formal (banca) face ao informal (kinguilas) considerou que resulta do facto de muitos dos operadores do setor informal, que tem um peso significativo na economia, não terem acesso aos produtos e serviços bancários.

“Enquanto isso não acontecer, é óbvio que temos muitas transações a ocorrer no mercado informal”, o que resulta num aumento deste diferencial.

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