BCP: Sonangol não recebe “dividendos pelo segundo ano consecutivo”

O BCP não vai pagar dividendos por conta dos lucros de 183 milhões de euros que obteve em 2020.

Segundo o jornal Expresso, a gestão de Miguel Maya admite que possa vir a rever essa posição, mas nunca antes de setembro.

“A primeira prioridade é a proteção do balanço do banco e continuamos a viver perante uma crise sanitária”, começou por responder Maya quando questionado na conferência de imprensa de apresentação de contas sobre a distribuição de dividendos.

O presidente do banco lembrou que já no ano passado, mesmo antes da recomendação do Banco Central Europeu (BCE), tinha decidido não remunerar os acionistas. “Relativamente a 2020, a política é a mesma. Continuamos sem ter visibilidade sobre a profundidade e a duração desta crise”, justificou Maya.

A Fosun e a Sonangol e todos os restantes acionistas ficam, assim, sem receber dinheiro deste seu investimento pelo segundo ano seguido. Mas isto não quer dizer que os lucros do ano passado não possam ainda ser distribuídos, só que essa opção só será avaliada em setembro. “O banco não vai reavaliar o tema do dividendo relativamente a 2020, nunca antes de setembro”, disse o responsável da instituição. O objetivo do banco era, a esta data, poder distribuir 40% dos seus lucros anuais em dividendos.

Em relação à disponibilidade que a Sonangol, com 19,5% do BCP, mostrou em reduzir o seu peso no banco, Miguel Maya defendeu que está “muito tranquilo”, dizendo que não dá nada por adquirido “nunca”. “Saibamos fazer o nosso trabalho e teremos acionistas. Se não conseguirmos ter um banco rentável, é muito difícil manter acionistas”, frisou. O indicador de retorno sobre o capital (ROE) fixou-se em 3,1%, abaixo da meta do banco de 10%.

“O BCP tem vindo a fazer uma gestão de enorme rigor”, frisou Miguel Maya, desdramatizando o facto de os rácios de capital terem fechado 2020 exatamente ao mesmo nível em que estavam em 2019.

Essa “gestão muito estrita” leva a um corte de custos, razão pela qual o banco vai agora avançar, com mais força do que até aqui, para a diminuição do quadro de pessoal. “A gestão dos custos continuará a ser tema de grande intensidade”, mas, diz Maya, tal será feito da “forma correta, transparente”, porque tem “clara consciência dos custos sociais”.

No ano passado, foram eliminados 191 postos de trabalho na atividade nacional do BCP, que fechou 2020 com 7.013 trabalhadores. “Não temos nenhum número em cima da mesa”, disse Maya, relativamente a objetivos de corte de pessoal. No ano passado, o número de sucursais no país foi reduzido em 5,3% para 478 unidades.

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