Bispos católicos (CEAST) alertam que crianças “continuam a ser maltratadas” pelas famílias e sociedade

Bispos da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST) alertaram hoje que crianças angolanas ainda são “maltratadas pelas famílias e sociedade” e defenderam a sua integração social, bem como a atenção e empenho das instituições.

Segundo o presidente da CEAST, José Manuel Imbamba, o foco da ação pastoral da Igreja Católica angolana continua a ser ocupado pelas crianças”, disse, aludindo ao terceiro ano (2023-2024) do Triénio sobre a Criança sob o lema “Dos Pequeninos é o Reino dos Céus”.

“Nesse terceiro ano, a nossa atenção voltar-se-á para a temática da integração social das crianças, tão maltratadas pelas famílias e sociedade, segundo relatos dos últimos dias”, afirmou hoje o presidente da CEAST.

Em declarações na abertura da II Assembleia Plenária Anual da CEAST, que se iniciou em Luanda, o prelado católico recordou que o objetivo do triénio é “aprofundar e incrementar a consciência no seio das famílias, da Igreja e da sociedade sobre a dignidade das crianças”.

E sobre a necessidade de colocá-las “no centro das atenções e preocupações” e empenhos das demais instituições sociais, acrescentou.

“Renovo, por conseguinte, o meu apelo a todos os fiéis e pessoas de boa vontade, a fim de redobrarmos os esforços tendentes a criar e promover iniciativas, à luz dos documentos do magistério da Igreja, que nos permitam colher frutos promissores e dignos”, frisou o arcebispo angolano.

José Manuel Imbamba exortou mesmo às comissões de evangelização e catequese e da Pastoral da Criança a “prosseguirem abnegada e pacientemente” a sua missão, a fim de lamçar “novas sementes evangélicas e culturais nas famílias e na sociedade em geral”.

“E, desta maneira, além de prevenirmos os vários males que contra eles [as crianças] são cometidos diariamente, lançarmos bases sólidas para uma sociedade de virtudes, ética e valores autênticos”, salientou.

“Neste sentido, as escolas católicas jogam e jogarão um papel fundamental. Só assim, creio eu, poderemos ter o futuro de progresso e realização plena que todos almejamos”, defendeu.

Casos de violência, como agressões sexuais, físicas e morais, contra a criança são relatados diariamente pelo Instituto Nacional da Criança (INAC) angolano com números “preocupantes”.

Sobre a vida da Igreja, o presidente da CEAST, apontou para a necessidade de evangelização contínua dos cidadãos, isto é, realçou, “tornar Cristo conhecido para ser amado e seguido no seu estilo de vida, porque ninguém é capaz de amar e seguir aquilo que não conhece”.

“Com isto quero dizer que, tendo em conta os desafios que as nossas sociedades impõem à nossa missão, precisamos de redescobrir e relançar com entusiasmo crescente o perfil missionário e de santidade a partir de Cristo”, assinalou.

Lamentou também, o que considera de aumento, “no coração de muitos fiéis”, da sensação de que a Igreja é insignificante, justificando: “Por causa da dicotomia entre a santidade professada e a santidade vivida por muitos de nós, enquanto bispos, sacerdotes, consagrados e leigos”.

O também arcebispo de Saurimo, província angolana da Lunda Sul, exortou igualmente os cristãos, católicos e de outras igrejas para que sejam “luz, sal e fermento” nas sociedades que travam a “realização integral dos cidadãos, já que fazem prosperar a pobreza extrema, a injustiça social e assimetrias de vária ordem”.

José Manuel Imbamba considerou ainda que a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que decorreu em Lisboa, e na qual participaram mais de 1.500 jovens angolanos, teve um impacto na vida de muitas pessoas.

“De facto, o encontro com Jesus através da escola da Virgem Maria, não pode nos deixar indiferentes: algo deve mudar em nós para o bem de todos, algo de novo e de belo deve desabrochar em nós para mudar e renovar a face da terra. É a grande lição que veio de Lisboa”, rematou.

Os trabalhos da II Assembleia Plenária Anual da CEAST decorrem até à próxima segunda-feira, 28 de agosto.

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