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Brasil: Ex-ministro da Justiça, Anderson Torres “detido no âmbito da investigação” dos ataques às sedes dos três poderes no passado domingo

A Polícia Federal (PF) brasileira deteve hoje em Brasília Anderson Torres, ex-ministro da Justiça do Governo de Jair Bolsonaro, no âmbito da investigação dos ataques às sedes dos três poderes no passado domingo, informaram fontes oficiais.

O ex-ministro e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal (onde se localiza a capital, Brasília), foi detido esta manhã pelas autoridades no aeroporto internacional de Brasília após desembarcar de Miami, nos Estados Unidos.

O Supremo Tribunal Federal (STF) tinha ordenado a prisão de Torres por alegada responsabilidade por não impedir os ataques perpetrados por milhares de ‘bolsonaristas’ contra as sedes dos três poderes no domingo, quando o ex-ministro ocupava o cargo de secretário de Segurança Pública do Distrito Federal.

Na sexta-feira, o STF anunciou a abertura de um inquérito contra o governador suspenso do Distrito Federal (DF), Ibaneis Rocha, e Anderson Torres.

No domingo, milhares de ‘bolsonaristas’ atacaram as sedes da Presidência da República, do Supremo Tribunal Federal e do Congresso Nacional, que estão sob investigação.

Durante a investigação, a polícia fez buscas na casa de Torres na terça-feira e apreendeu um projeto de decreto que permitiria ao ex-presidente Jair Bolsonaro intervir na Justiça Eleitoral com o objetivo de reverter o resultado das eleições de 30 de outubro.

O projeto de decreto, nunca aprovado ou apresentado publicamente, previa a declaração do estado de defesa (estado de exceção) para intervir no Tribunal Superior Eleitoral e efetuar uma “correção do processo eleitoral presidencial”.

O ministro da Justiça, Flávio Dino, afirmou que este documento mostra que houve um planeamento dos ataques de radicais de extrema-direita contra as instituições democráticas do Brasil.

Antes dos ataques às sedes dos três poderes, os radicais bloquearam estradas, invadiram uma esquadra de Brasília em meados de dezembro e, dias depois, deixaram um artefacto explosivo próximo ao aeroporto da capital, que foi desativado pela polícia.

A invasão dos edifícios começou depois de militantes da extrema-direita brasileira que apoiam o anterior presidente, derrotado por Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições de outubro passado, terem convocado um protesto para a Esplanada dos Ministérios, na capital brasileira.

Entretanto, o juiz do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes afastou o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, por 90 dias, considerando que tanto o governador como o ex-secretário de Segurança e antigo ministro da Justiça de Bolsonaro terão atuado com negligência e omissão.

A polícia brasileira identificou, interrogou e prendeu 1.159 ‘bolsonaristas’ envolvidos nas invasões e vandalização das sedes dos três poderes em Brasília, ocorridas no último domingo, segundo um balanço da Polícia Federal.

“Ao todo, 1.843 pessoas foram conduzidas pela Polícia Militar do Distrito Federal para a Academia Nacional de Polícia. Todos os detidos foram identificados pela Polícia Federal e irão responder, na medida de suas responsabilidades, por crimes de terrorismo, associação criminosa, atentado contra o Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, perseguição, incitação ao crime, entre outros”, referiu a Polícia Federal.

 

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