Caso Manuel Rabelais: Analistas apontam JES como principal cúmplice

No habitual espaço do canal televisivo angolano, TV Zimbo, em análise dos factos que marcam a actualidade nacional, o também docente universitário, Vicente Pinto de Andrade disse que é inacreditável que Manuel Rabelais sozinho pudesse fazer tais coisas sem autorização, isto é, do ex-Presidente angolano José Eduardo dos Santos.
 
Vicente Pinto de Andrade, afirmou ainda que não há sombra de dúvidas que José Eduardo dos Santos tivesse noção de todo esquema, avançando tratar-se de uma engenharia financeira, um facto que engloba formas sofisticadas e não simples de enganar.
 
“Quer dizer então que, esse caso de Manuel Rabelais vai ser naturalmente mais aprofundado e vai se descobrir igualmente que a teia é complexa”, observou, acrescentando que fase havia em que as pessoas já não olham para os princípios e valores, comportando-se como se estivessem em casa da mãe Joana, conforme na gíria.
 
Segundo o Ministério Público, Manuel Rabelais, movimentou entre 2016-2017, mais de 98 milhões de dólares, dos cofres do Estado para benefício próprio.
 
David Mendes, por sua vez, disse estarem em pé inúmeras questões, sobretudo quem controlava o dinheiro do Estado, porque para este, a nível de gestão orçamental dos Estados, o único serviço que usa o dinheiro de forma não controlada, mas que responde perante o Parlamento são os Serviços de Inteligência Secreta, por causa de algumas missões secretas.
 
“E também, chama-me atenção, como é que um indivíduo sozinho, com uma única assinatura consegue movimentar dinheiros do Estado. Aqui há uma cumplicidade. Por isso diz-se que em Angola a corrupção foi institucionalizada”, salientou David Mendes.
 
Para o também advogado e deputado independente, o propósito desta institucionalização da corrupção em Angola, tem que ver com o factor obter protecção, uma vez que aquele que com os mesmos valores se beneficiar não poderá ter a coragem de recorrer a denúncias por fazer parte do mesmo banquete.
 
“É inaceitável. Onde é que estava o serviço de inteligência económica para não dar conta disso? Se deu conta, porque é que não se tomou nenhuma decisão? Lamentavelmente, ao contrário do que muito se pensava, tinha que ter o apoio do chefe de Estado. Havia aqui a cumplicidade do chefe de Estado”, afirmou.
 
Em função da particularidade que o extinto GRECIMA tinha, os valores avultados que lá passavam, sem funcionários nem documentos que comprovem o que lá se fazia, David Mendes afirmou que há outras pessoas por detrás, ainda que Rabelais fosse o rosto visível por se acreditar que não se beneficiou única e exclusivamente sem outras figuras pelas quais direccionava o dinheiro.
 
Refira-se que o GRECIMA, tinha como objectivo principal melhorar a imagem de Angola no exterior, cujas vias tinham como responsáveis agentes de imagens, publicitários, promotores de grandes eventos de Kizomba e Kuduro no exterior, com pagamentos muito altos de artistas, o que deu igualmente cumplicidade à canais televisivos e outras plataformas digitais, e, isto poderá arrolar mais pessoas ainda no processo.
 
 
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