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Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST) defende “riqueza ao serviço do progresso” para evitar jovens no garimpo

A Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST) defende que a riqueza deve estar “ao serviço do progresso” e servir o desenvolvimento para evitar que os jovens “se percam na mata” e encarem o garimpo como única saída para melhorar as condições de vida.

Manuel Imbamba falava aos jornalistas à margem da 2.ª Conferência Internacional dos Diamantes de Angola (AIDC) que hoje se inicia em Saurimo, capital da província diamantífera da Lunda-Sul, onde são esperados 1.500 delegados nacionais e internacionais, bem como especialistas e responsáveis das maiores empresas mundiais do setor mineiro.

Os benefícios desta riqueza a nível local “ainda são incipientes” e é necessário criar uma renovação cultural “para que o diamante não seja tido só como diamante” e os recursos naturais se convertam também em benefícios para a população, disse o também presidente da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST).

“A Lunda Sul tem fama de ser terra de diamante, de ser terra rica mas as pessoas são pobres”, disse, um contraste que “deve ser mitigando” melhorando o serviço às comunidades para que “percebam que devem trabalhar, devem cultivar-se e fazer com que a riqueza sirva o interesse de todos”.

O arcebispo destacou que os índices de desemprego na região são altíssimos, o que, associado ao analfabetismo, cria assimetrias na província.

Enquanto Saurimo está a dar passos significativos em termos de vitalidade, no resto da província, “a juventude ainda vê o garimpo como ponto focal da sua vida, não querem estudar, não querem trabalhar e isto precisa de ser revertido”, afirmou Manuel Imbamba.

“Enquanto nós não formos, com o ensino, ajudar os jovens a perceber que o garimpo não é a saída para a realização das pessoas, continuaremos nesse sufoco e aquém do nosso desenvolvimento”, acrescentou o responsável da Igreja católica, considerando que iniciativas como a AIDC são um incentivo para alavancar todos os setores económicos da província.

Manuel Imbamba realçou que “é preciso criar equilíbrios” e mais justiça social: “temos de levar serviços, temos de levar desenvolvimento, temos de ajudar a que as pessoas tenham o necessário para evitar que os jovens se percam na mata, eles vão para a mata porque não há condições sociais à altura”.

“Se criarmos essas condições, creio que os jovens não vão perder tempo, dias e noites a escavacar para às vezes não encontrarem nada e quando encontram não tem qualquer impacto na vida deles”, comentou, sublinhando que a riqueza existe para realizar as pessoas e não se esgota em si mesma.

“O impacto tem de se fazer sentir na transformação das consciências, na transformação da mentalidade para que as pessoas percebam que a riqueza deve estar ao serviço do bem comum, deve estar ao serviço do progresso humano, social e cultural, ainda estamos no caminho”, frisou.

Na conferência de hoje, que se prolonga até quinta-feira, vão ser debatidos temas como o papel dos diamantes naturais e sintéticos no mercado global, sistemas de certificação, inovações tecnológicas na indústria de corte e lapidação, responsabilidade social e financiamento e seguros de projetos de diamantes.

Segundo informações da organização, a indústria diamantífera de Angola investiu entre 2017 e o primeiro semestre de 2023, investimentos de 235 milhões de dólares em iniciativas de responsabilidade social.

Angola, com uma produção na ordem dos 9 milhões de quilates no ano passado, é o segundo produtor de diamantes africano e o quarto maior a nível mundial. A indústria tem o seu epicentro nas províncias da Lunda Norte e da Luanda Sul onde se encontram algumas  das maiores minas de diamantes do mundo a céu aberto, como Catoca e Luele.

 

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