“Conflito na província de Cabinda em Angola não se resolve com mais militares e nem com mais armas” — Raúl Tati

O Conflito na província de Cabinda não se resolve nem com mais armas, nem com mais militares, defende Raúl Tati. O político da UNITA apela ao diálogo, dias depois de um treino no enclave para formar “caçadores da selva”.

Há muitos anos que a Frente para a Libertação do Estado de Cabinda – Forças Armadas de Cabinda (FLEC) luta pela independência da província angolana. Para Raúl Tati, a questão de Cabinda resolve-se com diálogo e não com mais violência.

O político da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) apela ao Governo e à Frente para a Libertação do Estado de Cabinda – Forças Armadas de Cabinda (FLEC) que se sentem à mesma mesa, para conversarem.

“É preciso perceber que os conflitos desta natureza têm uma solução à mesa de negociações. Não é preciso mais investimentos contra potenciais ameaças militares. Nós temos estado a ouvir que a Frente para a Libertação do Estado de Cabinda – Forças Armadas de Cabinda (FLEC), por exemplo, está a pedir diálogo”, subliha.

Operações de combate na selva

O Governo angolano recusa que haja instabilidade na província. Mas recentemente foi realizado em Cabinda um primeiro curso de operações de combate na selva, que durou três meses e contou com a participação de 237 efetivos.

Os militares angolanos foram postos à prova na floresta do Maiombe. Egídio Sousa Santos, chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas Angolanas, disse que foi um curso especial, “com um carácter indispensável e bastante importante, dada a especificidade e complexidade de atuação operativa e combativa das forças no espaço geográfico e territorial de jurisdição da Região Militar de Cabinda.”

O chefe do Estado-Maior deixou ainda um aviso: “Esta experiência adquirida na formação das tropas na selva será contínua, pois, aos inimigos da paz, nenhum palmo da nossa terra”.

Recentemente, a nova governadora provincial de Cabinda, Mara Quiosa, tinha apelado à permanente prontidão dos efetivos das Forças Armadas Angolanas e à vigilância contínua das fronteiras, para defender a soberania nacional.

“Exorto todos os efetivos para que, cada um no seu posto, redobre a vigilância, cerrando fileiras em torno da defesa e integridade territorial.”

Apoio dos EUA?

É um apelo que espelha a estratégia da administração de João Lourenço. Nas eleições deste ano, o partido no poder, o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), prometeu “redimensionar e reequipar” o Exército “contra qualquer agressão e ameaça externa”.

Para alcançar esse objetivo, João Lourenço disse recentemente à emissora Voz da América que conta com o apoio dos Estados Unidos.

Em declarações à DW África, Raúl Tati diz que não é investindo em militares e armamento que se acaba com o conflito em Cabinda.

“Seria bom que o regime em Angola desistisse dessa ideia de que vai acabar com a guerrilha através da guerra. Essa guerrilha de Cabinda, mesmo estando como está, é das mais antigas de África”, conclui.

 

 

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