Kamalata Numa, membro da comissão política da UNITA, considera legítimo o pedido de esclarecimento que o líder do partido fez ao Constitucional. E diz que nada impedirá a realização do congresso agendado para dezembro.
As revelações de Isaías Samakuva à imprensa, de que pretende esclarecimentos do Tribunal Constitucional depois do acórdão que ditou o afastamento de Adalberto Costa Júnior da liderança da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), geraram polémica no país. Alguns críticos suspeitaram de uma “manobra” do atual líder do partido para se manter no cargo.
Mas o general Abilio Kamalata Numa, membro da comissão política do partido do “Galo Negro”, rejeita essa hipótese e defende o pedido de esclarecimentos de Samakuva.
“O senhor presidente Samakuva reiterou várias vezes que este acórdão é mais político do que jurídico. É esta afirmação que o leva a pedir que o Tribunal aclare algumas coisas que ele não entende. Se as coisas forem feitas tão bem, o presidente foi eleito e tudo estava feito, os órgãos foram renovados no XIII congresso. Ele, de facto, tem a sua razão quanto a isso”, afirma o general.
Clima de crispação na UNITA?
Fora do partido, contudo, há quem tenha criticado Samakuva, alegadamente por acicatar um clima de crispação entre os “maninhos”.
“Se Samakuva for teimoso na sua postura, em desafiar o próprio partido, em desafiar a própria sociedade, teremos uma figura política que se vai descredibilizar”, avisa Quim de Andrade, um jovem do “Movimento Revolucionário” que tem criticado nas redes sociais o líder do maior partido da oposição angolana.
“Depois destes esclarecimentos de Samakuva, esperamos que a UNITA nos apresente uma mensagem de estabilidade no partido”, acrescenta.
Mas, em declarações à DW África, Abilio Kamalata Numa assegura que o pedido de esclarecimentos de Samakuva não interferirá em nada nos assuntos internos partidários.
O general rejeita a possibilidade de um adiamento do congresso da UNITA, em que se voltará a eleger a liderança do partido: “O partido é autónomo, rege-se pelos seus estatutos e já decidiu que vai realizar o congresso entre 2, 3 e 4 de dezembro.”
O general reformado, que ocupa o cargo de secretário para os antigos combatentes no partido, foi candidato à presidência da UNITA no congresso anulado pelo Tribunal Constitucional. Mas rejeita voltar a concorrer, porque se assume como apoiante da candidatura de Adalberto Costa Júnior.
“Não procuro outras ambições”, garante em entrevista à DW África. “O que queremos é que o povo angolano se una, e este espírito de unidade nacional está assente na sociedade civil, em vários partidos e até mesmo no interior do próprio partido MPLA. Esse espírito está a ganhar força. Não preciso procurar mais uma candidatura. Sou ativista e vou lutar para que Adalberto Costa Júnior seja reeleito no XIII Congresso.”
À VOA, Samakuva também rejeitou candidatar-se ao cargo de presidente da UNITA.