Congresso Ordinário da UNITA: De ameaças de impugnação à “onda” criada pelo partido no poder

A menos de 20 dias do congresso da UNITA, muitas dúvidas se levantam em torno de uma nova impugnação, do futuro de Isaías Samakuva e de várias teses que serão discutidas na reunião magna de 2 a 4 de Dezembro. Dirigentes do partido responsabilizam MPLA por movimentações antes da reunião magna de Dezembro.

Para vários nomes sonantes do principal partido da oposição em Angola, essa onda é fomentada pelo partido no poder.

Domingos Pedro, militante da UNITA e um dos subscritores do processo que levou à impugnação do Congresso de 2019 e à presidência de Adalberto Costa Júnior, diz que a reunião de Dezembro já está impugnada.

“O que estão a fazer é só barulho, tudo o que estão a fazer não vale nada”, afirma Pedro, reforçando a sua tese de que a reunião da Comissão Política da UNITA de 20 de Outubro que marcou o congresso, “não foi uma reunião, foi uma imposição do grupo de apoio a Adalberto Costa Júnior, que recrutou pessoas para ameaçar psicologicamente o presidente Isaias Samakuva”.

“É a primeira vez, na UNITA, após a morte de Savimbi, que o partido faz um congresso com uma só candidatura, um grande retrocesso da democracia e nós não devemos permitir isso”, afirma.

Abílio Kamalata Numa, que já concorreu à liderança do partido e perdeu, diz não tratar-se de nenhum retrocesso “porque a UNITA não proibiu nenhum militante de se candidatar, aliás a UNITA foi obrigada a realizar este congresso”.

Para o general na reforma, o que se passa na UNITA está claro para todos.

“Há quem tenha medo que que Adalberto Costa Júnior concorra à Presidência da República, o que se tornou numa situação caricata para a política nacional”, conclui.

Também o parlamentar Ernesto Mulato considera uma vergonha o papel desempenhado pelo Tribunal Constitucional em relação à UNITA porque “agora virou moda o Tribunal ocupar-se apenas dos partidos políticos, é o regime está atrás disto”.

Entretanto, aqule integrante do chamado “grupo de sábios da UNITA” sublinha que um dos assuntos que vai continuar na mesa de debate é a questão da Frente Patriótica Unida, que pretende juntar o partido do “galo negro”, o Bloco Democrático e o projecto político Pra-Ja Servir Angola nas eleições de 2022.

“A frente é mais impulsionada pela sociedade do que pela própria UNITA, é uma vontade de alternância que se quer logo tem pernas para andar”, afirma.

A deputada Mihaela Webba diz não ter dúvidas deque o que está a passar actualmente no seu partido resulta de uma estratégia do adversário directo que usa as instituições do Estado para fragilizar a UNITA.

“Determinadas pessoas do MPLA estão a ir buscar pessoas dentro da UNITA devido à crise económica e a falta de meios de sustento dessas pessoas para corrompê-las com dinheiros públicos, para criarem confusão dentro da UNITA, e como ainda há pessoas com preço e à venda o regime aproveita para criar isso, e agora querem impugnar o congresso, ja impugnaram um e se fizermos outro vão impugnar porque estão a ser pagas para isso”, denuncia a parlamentar.

O coordenador da comissão do congresso Anastácio Sicato diz que tudo corre normalmente para o congresso de Dezembro, que “não há divisão” e que “há pessoas com agendas obscuras que querem dar a entender haver uma grande divisão na UNITA em torno do congresso, não é verdade”.

 

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