A Consultora Fitch Solutions reviu hoje em baixa a previsão para o crescimento da concessão de crédito bancário em Angola, este ano, para 6%, devido aos problemas no setor petrolífero, recuperando da contração de 1,3% em 2022.
“Na Fitch Solutions, antevemos que o crescimento dos empréstimos bancários vá crescer 6% este ano, depois de uma contração de 1,3% em 2022; apesar de termos previsto anteriormente que o crescimento do crédito iria acelerar de 5,5% em 2021 para 9% em 2022, os dados recentemente divulgados pelo Banco Nacional de Angola (BNA) mostram que os empréstimos, na verdade, caíram 1,3% em 2022”, anunciam os analistas desta consultora detida pelos mesmos donos da agência de notação financeira Fitch Ratings.
Na nota sobre a evolução do crédito para este ano, enviada aos investidores e a que a Lusa teve acesso, a Fitch Solutions escreve que os dados “refletem a aceleração na taxa de juro principal dos empréstimos, de 19,4% em 2021, para 20,1% em 2022, o que colocou pressão sobre a liquidez em 2022, reduzindo os fundos imediatamente disponíveis para empréstimos” aos clientes em Angola.
“Antevemos que o crescimento dos empréstimos vá recuperar para 6%, abaixo da nossa previsão anterior de 8%, no seguimento de efeitos de base baixos e uma subida na procura de crédito por parte dos consumidores privados e das empresas”, acrescentam.
A Fitch Solutions sustenta a previsão de aumento da procura de crédito na melhoria da inflação para 11,3% até final deste ano e uma redução na taxa de juro diretora, para 17%, o que vai “aliviar a pressão sobre o poder de compra e encorajar mais despesa por parte das famílias e empresas, já que haverá um incentivo acrescido para contrair empréstimos para financiar grandes compras domésticas e projetos empresariais”.
Por outro lado, nota a Fitch Solutions, os problemas no setor petrolífero vão limitar a subida dos empréstimos bancários em 2023, dado que o Estado deverá compensar a redução na receita fiscal via petróleo através de um aumento do recurso ao financiamento bancário interno.
“Antevemos que o preço do petróleo caia 4,1% este ano, para uma média de 95 dólares barril, e que a produção petrolífera em Angola caia 2,7%, por isso assumimos uma perspetiva de evolução mais sombria para os investimentos nos setores petrolíferos angolanos, já que haverá menor procura de crédito por parte do setor petrolífero e indústrias associadas”, lê-se na nota.
Ao mesmo tempo, adiantam, “o Governo vai ter de aumentar o seu endividamento junto dos bancos nacionais para financiar a sua despesa, já que terá menos receitas petrolíferas, que valem mais de 50% da receita fiscal total”.
Como os bancos tradicionalmente estão mais confortáveis a emprestar ao Estado do que às empresas, que têm uma taxa de incumprimento acima de 20%, “o aumento do crédito ao Governo em 2023 vai afastar os empréstimos ao setor privado”, concluem os analistas.