A Consultora Oxford Economics considerou hoje que a manutenção do ‘rating’ de Angola pela agência de notação financeira Standard & Poor’s sublinha a capacidade de Angola servir a dívida nos próximos três anos sem financiamento externo.
“Os comentários dos peritos da S&P sobre o facto de o governo estar ativamente a gerir os pagamentos de dívida nos próximos anos mostra que pensam que o país tem recursos suficientes para pagar as elevadas prestações e maturidades nos próximos três anos, desde que não existam choques adversos”, lê-se num comentário à manutenção do ‘rating’ de Angola no nível B-.
No comentário enviado aos clientes, e a que a Lusa teve acesso, o departamento africano desta consultora britânica escreve que “a S&P diz que baixaria o ‘rating’ de Angola se um choque externo, como uma descida acentuada do preço global do petróleo ou outra quebra da taxa de câmbio, ou problemas internos limitassem a capacidade do governo para pagar o serviço da sua dívida comercial externa”.
Aponta também que poderia “melhorar a classificação de crédito se as reformas económicas sustentarem uma recuperação económica de base ampla, juntamente com uma redução melhor do que a esperada dos custos do serviço da dívida e maiores reservas de moeda estrangeira”.
Para os analistas da Consultora Oxford Economics, “há suficientes desenvolvimentos positivos para sugerir que a produção petrolífera vai conseguir uma recuperação ligeira em 2024, num contexto em que o robusto crescimento do setor não petrolífero deve ser mantido”, o que, concluem, torna provável que Angola consiga servir a sua dívida sem ter de recorrer a financiamento externo adicional.
Na análise que acompanha o anúncio da manutenção do ‘rating’, a 19 de fevereiro, a S&P diz que “apesar das vulnerabilidades continuarem prementes, a dívida do Governo vai descer de quase 90%, no ano passado, para 76% no final de 2027, devido à consolidação orçamental e ao facto de o aumento da inflação resultar num crescimento do PIB que ultrapassa a acumulação de dívida”.
A S&P nota que quase metade (48%) dos pagamentos de dívida externa neste e no próximo ano serão feitos à China, através de pagamentos com petróleo como colateral, “e por isso uma considerável parte das receitas petrolíferas do Governo vão continuar adjudicadas aos pagamentos a credores chineses, o que pesa ainda mais na flexibilidade orçamental”.
Os pagamentos totais de dívida comercial vão chegar aos 4,4 mil milhões de dólares este ano (4.000 milhões de euros), dos quais 800 milhões de dólares (742 milhões de euros) dizem respeito a títulos de dívida comercial emitidos em moeda externa (Eurobonds), mas aumentam para 5,1 mil milhões de dólares (4,7 mil milhões de euros) em 2025, dos quais 1,66 mil milhões de dólares, cerca de 1,54 mil milhões de euros, dizem respeito a Eurobonds.
Os pagamentos de dívida bilateral e multilateral “são mais modestos, chegando a 1,3 e 1,6 mil milhões de dólares (1,2 e 1,4 mil milhões de euros), respetivamente, no mesmo período”, concluem.