Os casinos e casas de jogos de Angola, parados há 14 meses devido à covid-19, estão à beira da falência, alertou a associação do setor, garantindo que reúnem todas as condições de biossegurança para retomar a atividade.
O alerta foi lançado hoje pelo presidente executivo da Ajogos (Associação Angolana dos Operadores de Jogos de Fortuna e Azar, Jogos Socais e Jogos Remotos em Linha), Valódia Salvador, que lamentou o preconceito contra os casinos e que sejam confundidos com casas de diversão noturna
Segundo o responsável, este é um setor importante para a economia angolana, que faturava 17,4 milhões de euros até ao início da crise económica e empregava cerca de 12 mil trabalhadores, força de trabalho que estava reduzida a um quarto já no ano passado.
“Neste momento, o setor encontra se praticamente em falência e se perdurar vamos com certeza decretar a falência”, disse, indicando que pelo menos três dos 14 associados da Ajogos, com 250 funcionários, admitiram já não ter condições para a retoma da atividade por estarem altamente endividados.
Valodia Salvador adiantou que alguns operadores conseguiram suportar despesas e salários até junho do ano passado, mas desde essa altura a maioria deixou de ter capacidade para pagar salários aos cerca de 3.000 trabalhadores do setor.
O presidente executivo da Ajogos salientou que os trabalhadores enfrentam grandes dificuldades económicas e “passam grandes problemas, gerados pela ansiedade e depressão”, havendo registo de vários casos de suicídio.
Lamentou por outro lado que apesar de diversos contactos com as autoridades e com a comissão multissetorial de combate à covid-19, para demonstrar que reúne todas as conduções para funcionar, não tenham obtido respostas.
“Já batemos a milhares de portas, já reunimos com a comissão multissetorial, víamos uma luz mas continua ate hoje no fundo do túnel”, frisou, sublinhando que a conferência de imprensa foi realizada num casino, onde já estão instalado separadores de acrílico, para mostrar o cumprimento das regras que incluem também redução de pessoal e do numero de clientes nas mesas de jogo.
“Confunde se os casinos com casas de diversão noturna. Mas nos casinos não há pistas de dança”, acrescentou para mostra que estes locais são mais seguros do que outros autorizados a funcionar como restaurantes, cinemas, rulote, igrejas “onde não existe este distanciamento”.
“Temos noção do bem que é a vida, mas se não se gerar um equilíbrio do outro lado o bem vida também não esta salvaguardado”, complementou, exortando os membros da comissão multissetorial a visitar e fiscalizar os casinos.
João Fernando, vogal da mesa da Assembleia da Ajogos disse que os operadores estão “desmoralizados” com a falta de respostas e disse que não faz sentido que os casinos não possam funcionar, ao contrário das empresas de jogos sociais (casas de apostas), havendo também uma proliferação de casinos clandestinos.
“Nós não queremos funcionar desta maneira, há milhares de casinos chineses que não cumprem a lei nem respeitam as regras de biossegurança. Nós queremos que nos digam se podem retomar a nossa atividade ou não para não continuar a alimentar falsas esperanças”, apelou Valódia Salvador.