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COVID-19: Fecho de fronteiras na União Europeia (UE) é “discriminação ou responsabilidade”?

Fecho de fronteiras europeias para a África Austral por causa da variante Ómicron deve-se ao sentido de responsabilidade dos estados europeus para com o seu povo e não a discriminação, entende sociólogo.

A indiganção tomou conta de todos os quadrantes da sociedade moçambicana quando, na última semana, vários países europeus encerraram as suas fronteiras aos países da África Austral por causa da nova variante da Covid-19, a Ómicron. A lógica não esteve na base dos argumentos dos indignados, que levantaram acusações como colonialismo, discriminação ou racismo.

O facto leva o sociólogo Elísio Macamo a afirmar: “Tenho dificuldade em acompanhar os raciocínios que destacam a questão colonial e do racismo na abordagem do assunto”.

Macamo nota que os críticos “não se preocupam em olhar para a forma como a democracia funciona e nem estão preocupados em interpelar os seus próprios governos. Por exemplo, Angola fechou os voos para Moçambique, mas continua com os voos para Portugal, que tem mais casos”.

O académico lembra que a Europa não confia nas capacidades de África para proteger as suas próprias populações e o resto do mundo.

Reciprocidade é a solução?

Por exemplo, Moçambique, que resgista baixos índices de infeções, teria razões de sobra para fechar a porta a vários países europeus à beira de uma calamidade, como a Alemanha, mas não o faz. Já a Alemanha não hesita em fazê-lo sempre que há necessidade.

Os moçambicanos exigem reciprocidade de procedimentos, mas o médico e investigador da ONG Observatório Cidadãos para a Saúde, Jorge Matine, relativiza: “Não penso que o Governo tenha de adotar um príncipio de reciprocidade, penso que para a Europa tomar a decisão que tomou houve uma justificação plausível, porque se trata de uma decisão que tem implicações económicas muito fortes também para a Europa”.

“Não temos essa cultura de responsabilização”

Elísio Macamo, que considera que a Europa às vezes pode ser vítima da sua própria cultura democrática, destaca contudo, “o sentido de responsabilidade e a capacidade que um sistema tem de responsabilizar os político. No caso, a diferença entre Moçambique e os países europeus é que na Europa os governos são responsabilizados. Eles não podem fazer coisas contra a vontade dos eleitores”, sublinha.

Quanto ao seu país lembra ainda: “Há uma grande diferença em relação a nós; nós não temos essa cultura de responsabilização, porque a nossa política é muito distante desse tipo de preocupação”.

Entre os membros da África Austral nenhuma fronteira foi fechada por causa da Ómicron identificada na África do Sul. Ainda escasseiam informações sobre as suas carateristicas, como, por exemplo, sobre a eficácia das vacinas em combater a variante.

Jorge Matine considera que “não há razões para fechar a fronteira, mas há razões para que as medidas de controle de mobilidade mútuas em relação à Covid devem ser implacáveis. Mas relatórios mostram que Moçambque não está a seguir as medidades de forma regular e consentânea”.

 

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