O Presidente dos EUA assinou um decreto para “que o Governo dos Estados Unidos dê prioridade à vacinação de cidadãos americanos, antes de enviar as vacinas para outros países”.
O Presidente dos Estados Unidas da América (EUA) assinou esta terça-feira um decreto que dá prioridade à entrega de vacinas no país, antes de serem exportadas, considerando que os EUA podem ficar sem doses após a fase inicial de vacinação.
O decreto vai garantir “que o Governo dos Estados Unidos dê prioridade à vacinação de cidadãos americanos, antes de enviar as vacinas para outros países”, acrescentou Donald Trump, enquanto a Pfizer/BioNTech, responsáveis pela vacina contra a Covid-19 que pode vir a ser autorizada dentro de dias, contava distribuir apenas 100 milhões de doses no país.
A Moderna, cuja vacina pode ser autorizada até ao final da próxima semana, também prometeu 100 milhões de doses. Cada contrato inclui opções para doses adicionais, mas o tempo para ativar essas cláusulas pode atrasar a entrega em vários meses.
Existem mais de 330 milhões de americanos e o Governo afirma que pode cumprir a meta de fornecer uma vacina a todos até abril de 2021.
Os dois fabricantes possuem unidades industriais nos EUA na Europa, e existem leis que, em teoria, permitiriam ao Governo norte-americano antecipar a produção de ambos os laboratórios, como a Lei de Produção de Defesa.
O texto do decreto que Trump assinou diante das câmaras, hoje, durante uma “cimeira da vacina”, na Casa Branca, não foi divulgado imediatamente.
“Se necessário, vamos invocar a Lei de Produção de Defesa”, disse Trump, acrescentando, porém, não achar “que seja necessário fazê-lo”.
Duas outras vacinas com ensaios clínicos já avançados podiam ser autorizadas no início de 2021, garantindo o abastecimento dos EUA.
Uma, a ser administrada em duas inoculações, da AstraZeneca/Oxford, de que Washington encomendou 500 milhões de doses, e outra, a administrar em dose única, da farmacêutica norte-americana Johnson & Johnson, da qual os EUA esperam 100 milhões de doses.
Por seu turno, o presidente eleito, Joe Biden, alertou hoje para a possibilidade de a campanha de vacinação contra o novo coronavírus poder desacelerar ou mesmo parar se o Congresso não conseguir chegar a um acordo financeiro, em breve, para combater a pandemia.
“Sem uma ação urgente do Congresso este mês, (…) há uma possibilidade real de que após uma primeira campanha de vacinação esses esforços diminuam e parem”, alertou o democrata. Joe Biden prometeu a administração de 100 milhões de vacinas nos primeiros 100 dias na presidência.
A equipa de Donald Trump planeara vacinar 100 milhões de pessoas até março de 2021, num total de 200 milhões de doses.
Hoje, Joe Biden pediu uma ação urgente em relação à pandemia de coronavírus enquanto apresentava uma equipe de saúde que será testada a cada passo e se esforçará para restaurar um sentido de normalidade no quotidiano dos norte-americanos.
Biden estabeleceu três prioridades contra a covid-19 nos primeiros 100 dias da sua presidência: pedir a todos os compatriotas para usarem máscara, a administração de 100 milhões de vacinas e a promessa de tentar reabrir a maioria das escolas do país.
No topo da lista de escolhas de Biden estava o secretário de saúde indicado, Xavier Becerra, político latino que cresceu numa família humilde e que serviu o Congresso como procurador-geral da Califórnia.
Um empresário conhecido pela eficiência em gerir crises, e um quarteto de médicos, entre os quais Anthony Fauci, considerado pelo governo o maior especialista em doenças infecciosas, fazem parte das escolhas de Biden.
A urgência do momento nos EUA, que se confronta com uma média de mortes diária de 2.200 e de infetados na ordem dos 200.000, ofuscou, todavia, todas as promessas de bem-estar para o país.
Assessores científicos do Governo reúnem-se, na quinta-feira, para, alegadamente, recomendarem a administração nos EUA da vacina da Pfizer/BioNTech, que já está a ser administrada no Reino Unido.
Ter uma vacina aprovada e disponibilizá-la a 330 milhões de americanos são, porém, situações diferentes.
Por isso, Biden alertou hoje para a necessidade de Donald Trump proceder a uma revisão da equipa que planeia a campanha de vacinação, considerando que esta tem deficiências.
Nesse sentido, pediu ao Congresso que aprove uma legislação para financiar a administração de vacinas à medida que se tornem mais amplamente disponíveis no próximo ano.
Becerra, escolhido por Biden para chefiar o Departamento de Saúde e Serviços Humanos (HHS), terá o apoio da Casa Branca pelo empresário Jeff Zients, que assumirá o papel de coordenador da resposta ao coronavírus. Ao lado de Fauci, e de outros médicos selecionados, nomeadamente a especialista em doenças infecciosas Rochelle Walensky para dirigir os Centros de Controle e Prevenção de Doenças, Vivek Murthy, cirurgião geral e a epidemiologista de Yale, Marcella Nunez-Smith para chefiar um grupo de trabalho para garantir a distribuição justa e equitativa de vacinas e tratamentos.
Como secretário do HHS, Becerra será responsável por supervisionar o gabinete de realojamento de refugiados que cuida de menores desacompanhados que entram nos EUA de forma ilegal. Como procurador-geral, ajudou a liderar uma coligação de procuradores-gerais estaduais que contestaram as políticas de separação de crianças do Governo Trump. Os republicanos deixaram claras as linhas de ataque na escolha de Becerra.
Como ex-congressista de 12 mandatos, Becerra assumirá o cargo conhecendo o Capitólio, mas precisará de estabelecer laços com os governadores que desempenharão papéis extraordinários na distribuição da vacina contra o coronavírus.