Políticos e membros da sociedade civil dizem que nomeação dos novos governadores de Benguela e da Huíla tem motivação eleitoral. Especialistas esperam “ver para crer” na efetivação das promessas de mais desenvolvimento.
O novo governador de Benguela, Luís Nunes, substituiu Rui Falcão no cargo e o ex-vice-governador da Huíla, Nuno Dala, vai assumir o Executivo na Huíla. Estas são as principais praças eleitorais de Angola depois de Luanda. Será que estas mexidas do Presidente João Lourenço têm motivação eleitoral?
“Esta nomeação foi feita com olhos postos nas eleições de 2022”, garante João Malavindele, coordenador da ONG Omunga, sediada no Lobito.
Adriano Sampiñala, secretário provincial em Benguela da União Nacional para a Independência Total de Angola concorda.
“Claro, claro. Importa referir que o Presidente da República, enquanto candidato à Presidência da República em 2017, prometeu transformar Benguela na Califórnia. Infelizmente de Califórnia, Benguela tem estado a tornar-se num inferno”, critica.
Será que Benguela vai tornar-se a “Califórnia de Angola”?
João Malavindele prefere ver para crer. “A ver vamos, porque aquando da visita do senhor Presidente [em 20.02], a Omunga fez a questão de questionar ao senhor Presidente sobre a propalada Califórnia”, responde.
Adriano Sampiñala, que recentemente foi transferido do Cuando-Cubango para Benguela pelo seu partido, diz que as condições sociais da população são deploráveis e espera que o novo governador mude esse quadro. “As ruas estão todas esburacadas e a situação social degrada-se a cada dia que passa”, sublinha.
“As potencialidades da província estão moribundas e não há aqui uma luz no fundo do túnel”, assevera.
Talvez haja essa “luz no fundo do túnel” com o governador Luís Nunes que fez “um trabalho positivo” na Huíla, diz Serafim Simeão, antigo secretário provincial da Convergência Ampla de Salvação de Angola – Coligação Eleitoral (CASA-CE) e membro da comissão instaladora do projeto político PRA-JA naquela região.
“Houve realmente um trabalho positivo feito pelo governador cessante”, salienta.
Reconquistar o “orgulho dos benguelenses”
João Malavindele lembra que são contextos diferentes embora espere por dias melhores para Benguela. “Sabemos o que fez ou deixou de fazer lá na Huíla. Então, vai enfrentar aqui um outro contexto, uma outra realidade”, comenta.
“Vamos aguardar a nova administração que terá um ano e meio para reconquistar o orgulho dos benguelenses”, salvaguarda.
Na Huila, fica Nuno Dala, ex-vice-governador provincial. Serafim Simeão, espera que o novo governador dê continuidade aos projetos para o desenvolvimento da região e aguarda que o nível de desenvolvimento se estenda a outros municípios para além do Lubango.
“Esperamos, naturalmente que dê continuidade. Também é jovem e simples no tratamento. E realmente creio que dará o seu ponto positivo. Lembrar que o governador agora nomeado foi por 12 anos vice-governador para técnica e infraestrutura”, concluiu.