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Eleições Gerais 2022: “Não importa a posição, o importante é que haja alternância política no país” — Pedrowski Teka

Jovens ativistas terão sido colocados em posições aparentemente não elegíveis nas listas da UNITA. Em entrevista à DW África, Pedrowski Teka diz que “não importa a posição”, o importante é que haja “alternância política”.

À medida que os partidos vão publicando as listas de candidatos a deputados, vão surgindo também vozes descontentes, particularmente depois da entrega da lista da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA).

O maior partido da oposição resolveu integrar nas suas listas não só representantes do Bloco Democrático e do PRA-JA Servir Angola, como também jovens ativistas que fizeram parte dos denominados “revús”, que lutaram pela destituição do Presidente José Eduardo dos Santos.

Nuno Álvaro Dala ocupa o lugar 50 na lista nacional da UNITA, Hitler Tshikonde está na posição 83, Pedrowski Teka é o número 84 e Benedito Dali o número 95.

Em entrevista à DW África, Pedrowski Teka afirma que não se quer queixar do seu lugar no “ranking” de candidatos e prefere louvar o empenho de todos os ativistas, alguns deles em posições melhores que a dele de serem eleitos, prometendo que, se saírem vitoriosos nas eleições de 24 de agosto, os jovens vão levar as vozes dos “sem voz” para a Assembleia Nacional.

DW África: O que acha do posicionamento dos jovens ativistas na lista de deputados da UNITA? 

Pedrowski Teka (PT): É uma mais-valia quando se vê jovens como eu a entrarem pela primeira vez como candidatos à Assembleia Nacional. É de louvar que, também pela primeira vez, temos uma união de várias forças partidárias e da sociedade civil em torno de uma causa única que é a alternância política, no próximo mês de agosto, nas eleições gerais em Angola.

DW África: Mas questiona-se a posição dos jovens na lista da UNITA, porque vários jovens aparecem a partir do número 80. Provavelmente não vão entrar na Assembleia, se a UNITA não obtiver uma maioria absoluta…

PT: Falando de mim, eu estou na posição 84 da lista que foi submetida ao Tribunal Constitucional. Mas nós estamos convictos, temos fé, acreditamos na alternância política. Então, não importa a posição em que estás, se estás na posição 80 e tal: para quem crê que realmente vai haver alternância em Angola, isso não importa. Não tenho dúvidas nenhumas que estaremos representados no Parlamento.

DW África: Mas se a UNITA não ganhar com maioria absoluta, os jovens não terão a voz que querem ter no Parlamento…

PT: Sim. Nesse caso não teremos a voz no Parlamento, mas há muitos jovens que estão em posições muito melhores que eu. Especialmente gente da sociedade civil, temos jovens como o Olívio N’kilumbo, temos o Nuno Dala… São cientistas políticos e ativistas, são jovens como nós. E temos também jovens provenientes de partidos políticos: temos o líder da JURA (Juventude Unida e Revolucionária de Angola, braço juvenil da UNITA), temos a Ariane Nhany. Temos vários que estão posicionados abaixo do número 50. É o rejuvenescer da lista de candidatos da UNITA.

DW África: Mas com essa vossa entrada na lista da UNITA, alguns de vocês não correm o risco de ficarem com a imagem beliscada, uma vez que foram sempre “revolucionários” e agora resolveram entrar para o sistema?

PT: Nós, em Angola, não estamos a inventar a roda. Este tipo de concertação existe em vários países. Temos visto ativistas a saírem das ruas e a entrarem nos Parlamentos, ou a saírem das ruas e vencerem eleições autárquicas. Isto é algo normal, é assim que o mundo tem estado a evoluir.

DW África: Mas os jovens que vão entrar para a Assembleia Nacional não vão perder a sua voz, não vão perder a capacidade de criticar com imparcialidade tanto a UNITA como o regime no poder?

PT: Se assim fosse, nós não aceitaríamos estar na lista. Nós não aceitaríamos apoiar a Frente Patriótica Unida. Não estamos a apoiar a UNITA ou a Frente Patriótica para nos tornarmos mudos. Não, nós não aceitaríamos isso em nenhum momento. Nós estamos a aceitar este grande desafio, porque queremos levar as vozes das ruas ao Parlamento. Queremos levar à Assembleia Nacional as reivindicações que são feitas de maneira informal nas ruas. Queremos levar essas vozes ao Parlamento, de maneira formal, porque nós somos das ruas e, quando nós chegarmos ao Parlamento, isto vai significar a vitória das ruas. A nossa maior missão é sermos a voz dos sem voz. Será uma traição se nos mantivermos calados enquanto estivermos lá.

DW África: E acha que vocês vão conseguir também arrastar aquela moldura humana, que vos acompanhava nas manifestações de rua, para ações partidárias?

PT: Com certeza que sim. Eu digo no meu caso, eu sou apartidário, não pertenço a nenhum partido. Vou. Eu estou nesta lista com base num apoio e nos acordos da Frente Patriótica Unida. Eu só tenho uma lealdade maior para com a organização que dirijo (a UPA, União dos Povos de Angola), e juntos iremos determinar o percurso que vamos tomar ao entrarmos no Parlamento, com base na parceria que temos com a UNITA, com o Bloco Democrático e com o PRA-JA. Mas nós não queremos perder a nossa essência. Perder a nossa voz, perder a nossa base de apoio é uma traição e nós não queremos isso. Queremos manter a nossa coerência e, acima de tudo, defender aqueles que não têm voz e não se conseguem defender.

 

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