Em plena campanha eleitoral, os partidos políticos angolanos concordam com os sindicatos que o actual salário mínimo nacional de 32.000 kwanzas (73 dólares americanos) precisa de ser revisto mas discordam sobre a quantia a aplicar havendo forças que optam por aguardar pelos próximos indicadores económicos para a definição do valor.
A Federação Nacional dos Sindicatos da Administração Pública, Saúde e Serviços, que congrega os sectores público e privado, defende 50 mil Kwanzas, valor abaixo de muitas propostas.
Já a maior central sindical angolana, a UNTA-CS, defende um salário mínimo de 300 dólares norte-americanos, equivalentes a 129 mil kwanzas, um pouco abaixo dos 150 mil kwanzas que a UNITA propõe.
Abordado a propósito pela VOA, o candidato da UNITA, Adalberto Costa Júnior, diz que a proposta contém margem para discussões, até porque os dados do Instituto Nacional de Estatística não são suficientes.
“Há muita especulação, há muita falta de referências, aquilo que o Instituto Nacional de Estatística (INE) publica é, em muitos casos, obrigação do Governo”, disse sublinhando depois que a necessidade de discussões reflecte o principío de “governar é com responsabilidade”.
Estes 150 mil kwanzas, valor que o Partido de Renovação Social (PRS) apresenta como subsídio de desemprego, estão abaixo dos 250 mil que conformam a cesta básica, com 17 produtos alimentares, segundo dados oficiais publicados em 2021.
O líder do P-NJango, Dinho Chingunji, sublinha a necessidade de alterações afirmando que o actual salário mínimo não é mínimo para alguma coisa.
“Até nem se pode falar em salário mínimo, não cobre e nem satisfaz o custo de vida”, disse.
“Temos de rever o salário”, acrescentou o político.
A CASA-CE aposta num salário que dê cobertura à cesta básica enquanto que pela primeira vez na corrida, o Partido Humanista, de Bela Malaquias, promete um salário de 65 mil kwanzas, menos 35 mil do que a proposta da histórica FNLA.
Outro histórico, o MPLA, no poder, refere que a meta é reduzir a taxa de desemprego de 30 para 25% e a APN promete quase um milhão de empregos em cinco anos.
À VOA, o jurista Custódio Cupessala, secretário-geral da Federação dos Sindicatos da Administração Pública, Saúde e Serviços, alerta que é necessário acabar com os desequilíbrios nos sectores público e privado.
“Se falarmos só da função pública, aí o Governo, seguramente, consegue pagar o ideal, mas é preciso olhar para outras vertente como as empresas”, disse.
“Se calhar o ideal são 50 mil kwanzas, devemos olhar para todos”, aponta o sindicalista.
O economista Janísio Salomão sustenta que os partidos devem deixar de apresentar propostas salariais de forma aleatória afirmando que há que ter em conta “o custo de vida do país, o que é que uma pessoa precisa, como mínimo, para poder sobreviver”.
“Estou a falar da saúde, da educação e sobretudo a alimentação”, acrescentou.