O ministro da Coordenação Económica de Angola, Manuel Nunes Júnior, disse hoje à agência de informação financeira Bloomberg que a economia deverá crescer 1% este ano e que as taxas de juro poderão descer quando a inflação abrandar.
A economia vai crescer 1% este ano depois de cinco anos de contração, graças ao crescimento em setores como a agricultura e a construção, com várias reformas lançadas para diversificar a economia, disse Nunes Júnior, salientando que uma recuperação nos preços do petróleo também ajudou a estabilizar as reservas totais do país para cerca de 15 mil milhões de dólares, cerca de 12,5 mil milhões de euros, o equivalente a um ano de importações.
“Em 2020, a tendência claramente descendente da inflação foi interrompida pelo impacto da pandemia de covid-19”, afirmou o governante em resposta a questões da Bloomberg, na qual afirmou que “este ano será retomado a trajetória descendente da inflação e serão criadas as condições económicas para que as taxas de juro nominais possam ser ajustadas em baixa”.
O Banco Nacional de Angola mantém a taxa de juro de referência inalterada nos 15,5% há quase dois anos, apesar de vários bancos centrais africanos terem abrandado a política monetária em 2020 para proteger as economias do impacto negativo da pandemia.
O regulador angolano, ao invés de usar os instrumentos de política monetária, tentou moderar a subida dos preços ajustando o montante de circulação de kwanzas na economia, mantendo-o em linha com os objetivos da inflação, já que muita da pressão sobre os preços vem do aumento das importações na sequência de uma depreciação do kwanza.
“O problema com as taxas de juro em Angola tem a ver com a estrutura da economia, que é ainda muito dependente das importações, ao mesmo tempo que depende de um só produto para as suas exportações”, explicou o ministro, referindo-se ao petróleo, que vale cerca de 90% das vendas de Angola ao estrangeiro.
A inflação em Angola está nos 24,8%, tendo descido ligeiramente face aos últimos meses, mas em 2016 estava acima dos 40%, tendo caído para menos de 20% em 2019, quando a moeda começou a depreciar-se.