A ministra das Finanças de Angola disse não afastar a possibilidade de o país produzir vacinas contra a Covid-19, mas adiantou que, primeiro, é necessário um estudo para o efeito. Académicos dizem que país não tem condições para produzir vacinas.
“Não descartamos essa possibilidade”, disse Vera Daves de Sousa na quarta-feira, 19, em Paris, a propósito do tema vacinação que foi debatido na Cimeira sobre o Financiamento das Economias Africanas, organizada na terça-feira pelo Presidente francês, Emmanuel Macron.
Vera Daves de Sousa afirmou ser necessário primeiro “fazer uma auto-avaliação da capacidade de Angola e das equipas para receber essa passagem de conhecimento “.
Para a ministra das Finanças, “foi lançado o mote para que se reflicta em torno de se abrir mão das licenças intelectuais (das vacinas) para que seja possível deslocalizar tecnologia e conhecimento para algumas regiões de África, para assim, com produção local, se conseguir atender melhor a procura”.
Em Luanda, académicos ouvidos pela VOA dizem que o país não tem capacidade científica e tecnológica avançada para assumir a empreitada porque padece de falta de investigação científica especializada.
O académico e pediatra Luis Bernardino afirma que a parte científica e tecnológica está muito atrasada em Angola e nada vai funcionar sem um reforço externo “a não ser que venha para aqui uma fábrica pronta a usar”.
Bernardino acrescenta que “a investigação científica em Angola tem sido completamente menosprezada” e acusa as autoridades angolanas de “falta de humildade” em reconhecer as suas insuficiências.
Também o professor da Universidade Agostinho Neto, Carlinho Zassala, lembra que as autoridades angolanas não criam condições para que as universidades possam realizar investigação científica.
Zassala considera que, a acontecer a produção da vacina no país, será feita por estrangeiros e desafia a ministra das Finanças a visitar as unidades académicas nacionais.
“Há alunos que no ensino secundário nunca entraram num laboratório de física e de química”, precisa aquele académico.
O Presidente João Lourenço participou na Cimeira de Paris, em que cerca de duas dezenas de líderes africanos e europeus debateram a vacinação em África e a retoma da economia dos países do continente pós-pandemia.