Depois de um saldo negativo em 2020, os preços do petróleo têm vindo a subir sustentadamente nos últimos tempos, tendo já regressado aos patamares anteriores à crise da pandemia, em máximos de 13 meses. Nos EUA, o West Texas Intermediate (WTI) transaciona na casa dos 63 dólares por barril, e em Londres o Brent já superou os 67 dólares.
Segundo o Jornal Negócios, a contribuir para a valorização tem estado a vacinação contra a covid-19, que possibilita uma reabertura das economias e um aumento da procura por combustível, bem como o acordo de redução da oferta da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados.
A OPEP+ decidiu em dezembro que passaria a reunir-se mensalmente para avaliar as quotas de produção e no dia 4 de março os seus elementos vão juntar-se de novo, esperando-se que continuem a adiar a abertura das torneiras.
Michel Salden, diretor do departamento de matérias-primas da Vontobel Asset Management, diz que o petróleo está a ter força também porque as zonas de produção fora da OPEP enfrentam incertezas políticas e maiores custos de financiamento devido aos critérios sustentáveis ESG (Environmental, Social and Corporate Governance). É o caso do petróleo de xisto (“shale oil”) nos EUA.
“O ‘shale’ não irá crescer nos próximos dois anos, mais pela incerteza política do que pelos níveis dos preços [já que as atuais cotações tornam viável a exploração mais dispendiosa deste tipo de crude]”, considera Salden, referindo que os veículos elétricos deverão registar uma notável penetração nas vendas globais de automóveis. “Mas a atual frota de carros deverá manter-se durante mais 10 a 15 anos. E consome petróleo. Isto significa que continuará a haver muita procura pela matéria-prima”.
Dois dos maiores bancos americanos já falam num novo superciclo do petróleo, prevendo uma escalada dos preços quando a pandemia chegar ao fim. Christyan Malek, diretor do departamento de petróleo e gás do JPMorgan, diz que as cotações poderão disparar para os 100 dólares por barril, ou acima. Já Jeffrey Currie, diretor de análise de “commodities” do Goldman Sachs, comentou ao FT que acredita haver riscos reais de o crude negociar na casa dos 80 dólares, ou mais, este ano.