O Presidente angolano defendeu hoje a continuidade das negociações ao nível bilateral e multilateral para o reescalonamento das dívidas, em função da situação específica de cada país africano, que enfrentam dificuldades na reativação das suas economias
João Lourenço expressou a sua posição durante a sua intervenção hoje na abertura do Diálogo de Alto Nível sobre “Alimentar África: Liderança para o Incremento das Inovações bem Sucedidas”, promovido pela Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola (FIDA).
Segundo João Lourenço, os baixos preços das matérias-primas nos mercados internacionais e o grande peso da dívida externa são fatores que dificultam a reativação das economias dos países africanos, além da fraca industrialização para o processamento dos produtos do campo, o que faz com que grande parte dos produtos alimentares processados sejam importados de outros continentes para África.
O chefe de Estado angolano sublinhou que a população rural africana está sobretudo ligada à agricultura familiar, que contribui com cerca de 70% para o abastecimento dos mercados, mas apesar disso continuar a ser o mais pobre e com maiores problemas alimentares.
A par das condicionantes que enumerou, João Lourenço frisou igualmente preocupação com os efeitos das alterações climáticas, que provocam com mais frequência a seca severa e inundações, assim como o surgimento de pragas, com impacto negativo na produção de alimentos, sublinhando a ajuda técnica da FAO no combate à praga de gafanhotos, que enfrentam algumas províncias do sul de Angola.
“Uma preocupação complementar prende-se com os aspetos nutricionais, já que continuam a estar entre as causas principais das elevadas taxas de mortalidade infantil e do aumento de casos de diabetes e da tuberculose em África”, frisou.
João Lourenço realçou que os jovens africanos têm um papel fundamental na transformação e desenvolvimento da agricultura e pescas, nesse sentido, “é importante motivar os jovens para o empreendedorismo e o agro-negócio, facilitando-lhes o acesso às terras, aos insumos, à formação, aos financiamentos, às novas tecnologias e aos mercados”.
“Permitam-me realçar aqui a grande contribuição e atenção reservadas ao meu país pelo FIDA e pelo BAD [Banco Africano de Desenvolvimento], pela aprovação e implementação de um conjunto de projetos de apoio ao desenvolvimento da agricultura familiar e à comercialização, à recuperação da agricultura e ao reforço da resiliência dos pequenos agricultores à escala familiar”, disse.