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EUA: Privatização do BCI vai testar “interesse dos investidores” por Angola

A privatização do Banco de Comércio e Indústria (BCI) – instituição estatal angolana – servirá de teste para aferir o interesse dos investidores pelas maiores empresas de Angola, um portefólio onde se inclui a petrolífera estatal, referiu o ministro da Coordenação Económica, Manuel Nunes Junior, à agência Bloomberg.

Trata-se do processo de alienação do 13º maior banco angolano em termos de ativos, dinamizado pelo segundo maior produtor petrolífero africano, com o objetivo de captar investimento e animar a atividade económica angolana, numa fase em que o programa de privatizações já colocou no mercado 39 empresas, num universo de 195 sociedades cuja venda está agendada para ser realizada até ao final de 2022.

O Jornal Económico sabe que Angola está neste momento a fazer uma operação de divulgação no mercado dos EUA, onde vários ministros do executivo de Luanda têm agendadas entrevistas aos principais jornais financeiros, seguindo-se outra operação similar no mercado espanhol.

Segundo Nunes Junior – de 59 anos, doutorado em Finanças Públicas pela Universidade de York, no Reino Unido –, a alienação do BCI é a “primeira privatização no setor financeiro e o seu resultado será muito importante para entender todas as que vierem a seguir”. A Bloomberg explica que os potenciais candidatos à compra do BCI vão ser selecionados este mês para participarem no concurso de compra de 100% das suas ações, num único bloco, através da bolsa de Luanda.

O governo angolano tentará vender participações em vários bancos incluindo o Banco BAI, o maior credor privado do país, em ativos, e a companhia de seguros Empresa Nacional de Seguros de Angola, adiantou à Bloomberg, Nunes Junior. A venda das participações na petrolífera estatal Sonangol, bem como na empresa de diamantes Endiama e na companhia aérea nacional TAAG está prevista para 2022.

Na Sonangol, o governo angolano prevê vender até 30% do seu capital social – esta ainda é a empresa mais relevante na economia angolana, atendendo ao grau de dependência que o país tem do petróleo. A expectativa de encaixe nesta alienação é da ordem dos 6,4 mil milhões de dólares (cerca de 5,34 mil milhões de euros), segundo referiu à Bloomberg, Baltazar Miguel, membro do conselho da Sonangol.

Ao ministro Nunes Junior foi entregue a missão de reanimar a economia angolana, que tem vivido em recessão durante os últimos cinco anos, sendo elevada a expectativa de captação de investidores privados e o efeito que possam ter na dinamização do tecido empresarial e económico. A recuperação das cotações internacionais do petróleo vai proporcionar uma melhoria no desempenho da atividade e um crescimento do Produto Interno Bruto estimado em cerca de 1% ainda este ano. O Orçamento de Angola em 2021 está sustentado na previsão de um crescimento zero.

Segundo Nunes Junior, “esta previsão de crescimento económico envolve alguns riscos”, citando um possível declínio na produção de petróleo devido ao envelhecimento dos campos petrolíferos angolanos, bem como o impacto negativo da pandemia Covid-19 no sector, acrescentando ainda o risco da “falta de chuva no final de 2020 e início de 2021, que pode afetar negativamente a produção agrícola”.

Para o ministro angolano da Coordenação Económica, a luta do presidente João Lourenço contra a corrupção é um “novo paradigma” que tem vindo a melhorar a imagem de Angola perante os investidores, admitindo igualmente que o programa de 4,5 mil milhões de dólares (cerca de 3,75 mil milhões de euros) contratado com o Fundo Monetário Internacional ajudou Angola a realizar reformas importantes e a aumentar a transparência.

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